13.10.08

Soneto a Cartola (Homenagem ao Centenário do Mestre)

Agenor de Oliveira - O Cartola - ex-pedereiro, ex-vendedor de picolé, ex-gráfico, garagista... Aos 65 anos gravou o primeiro disco, e aos 69 anos fez seu primeiro show individual.

Sua carreira teve início nos anos 30 e foi interrompida por força da necessidade de sobrevivência, teve que lavar carros e fazer outros quebra-galhos. Disse, certa vez:
- "para quem nasce na miséria como eu, o grande mestre é o mundo".

Para nós bastava as obras primas: "As Rosas não falam" e "O mundo é um moinho"; mas nos presenteou muito mais, basta uma visitinha à sua discografia, que ali se encontra uma farta obra de um gênio. Faleceu em 30/11/1980, aos 72 anos. A sua escola, Mangueira Querida, chorou, como chorou todos os amantes do bom samba carregado de poesia do querido Mestre!

Em 28/01 de 1981, fiz este poema (vejam abaixo) em sua homenagem e o enviei ao programa "Bazar Maravilha" da Rádio Incofidência, que tive a honra de ouví-lo declamado no ar, encerrando as homenagens que a emissora fez naquele dia ao mestre Cartola.



Você que viveu na batida do samba
Você que fez da poesia, a "Verde-Rosa"
Você que cantou em prosa, a sua vida,
Você que lá, foi corda, caçamba e fez escola.

Mangueira chorou a sua partida,
O samba perdeu o seu mestre e ficou menos de vida,
Seu mundo estristeceu, mas herdou o seu "Moinho",
Ficaram suas rosas-canções como um eterno carinho .

Seu terno branco, elegante e bem passado,
Com carinho de "Zica", engomado,
Realçava a cor do poeta , sambista, companheiro amado.

Você cadenciou o passo da Escola,
Você foi fiel ao sentimento do Morro,
Você está vivo e não morto, Agenor de Oliveira-O Cartola!

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