28.12.09

Giuseppe Tornatore (Mago do Cinema)

Como última postagem no meu blog, neste ano de 2009, presenteio aos meus leitores com a indicação da filmografia deste, que é para mim, um gênio entre os cineastas que surgiram na década de 80 do século XX, Giuseppe Tornatore; nascido em Bagheria, na Sicília - Itália, em 27 de maio de l956. É improvável que qualquer um de nós que temos a sensibilidade e o desejo de assisitir filmes que nos emocione profundamente, que não seja tocado fortemente por sua obra genial. Vejam alguns de seus filmes, em especial indico "A lenda do Pianista do Mar" e "Cinema Paradiso". Divirtam-se, comentem e passem adiante. Feliz Ano Novo!

Giuseppe Tornatore,

Entre as suas obras mais aclamadas encontram-se Malèna (2000), com Monica Bellucci como protagonista, e Cinema Paradiso (1989), com Philippe Noiret num dos principais papéis. É também diretor dos filmes "O Homem das Estrelas" e "A Lenda do Pianista do Mar". Ao longo de sua carreira, Tornatore firmou uma ótima parceria com o grande compositor Ennio Morricone.

Filmografia:



" O Pianista do Mar" - 1998 - "La leggenda del pianista sull'oceano" (no Brasil, A lenda do pianista do mar / em Portugall, A lenda de 1900; é um filme italiano de 1998, do gênero drama, dirigido por Giuseppe Tornatore, com trilha sonora de Ennio Morricone e Roger Waters e fotografia de Lajos Koltai.
O filme é inspirado no monólogo de teatro Novecento, de Alessandro Baricco. - Sinopse: Max Tooney adentra um antiquário logo após a Segunda Guerra Mundial com o objetivo de penhorar seu trompete. Ele pergunta se pode tocá-lo uma última vez, tocando uma canção que é reconhecida pelo responsável pela loja, pois esta a havia ouvido de um disco quebrado encontrado no interior de um recém-adquirido piano usado. Ele pergunta quem havia composto e tocado aquela música. Então, a estória de 1900 é relatada ao dono da loja (e ao espectador) em forma de flashback.

1900 foi encontrado abandonado no SS Virginian, um bebê no interior de uma cesta, e provavelmente filho de imigrantes que estavam hospedados no alojamento destinado aos passageiros humildes. Danny, um empregado que lidava com carvão na caldeira, determina que irá, ele mesmo, cuidar do garoto. Ele o nomeia como Danny Boodman T. D. Lemon 1900 (uma combinação de seu próprio nome, o ano corrente, e uma propaganda lida no cesto em que o garoto foi encontrado) e esconde seu achado dos oficiais do navio. Desafortunadamente, alguns anos depois, Danny morre devido a um acidente de trabalho, e 1900 é forçado a sobreviver a bordo do SS Virginian como um órfão. Por muitos anos ele viaja, em idas e voltas através do oceano Atlântico, mantendo-se discreto e, aparentemente, aprendendo várias das línguas faladas pelos imigrantes da terceira classe.

No entanto, o garoto demonstra ter um dom particular para a música e ao crescer, torna-se integrante da orquestra do navio. Ele torna-se, ainda, amigo de Max, em seu embarque em 1926, mas nunca deixa o navio, mesmo quando flerta com a possibilidade de uma nova vida ao lado de uma bela imigrante. Aparentemente, nesse ponto de sua vida, o mundo além do navio já é grande demais para sua imaginação. Porém, ele se mantém em dia com as novidades musicais exteriores (através de discos ou partituras, e acaba por ganhar uma considerável reputação.

Em um certo ponto do filme, Jelly Roll Morton, nome famoso do jazz de New Orleans, embarca no navio com o objetivo de desafiar 1900 para um duelo de piano. 1900 apenas brinca com o temperamental Morton, chegando ao ponto de tocar, nota por nota, uma versão da música que Morton acabara de tocar. Ao final, 1900 derrota Morton habilmente.

Elenco Principal:


"Cinema Paradiso" - 1988 - Sinopse: Salvatore di Vita é um cineasta bem-sucedido que vive em Roma. Um dia ele recebe um telefonema de sua mãe avisando que Alfredo está morto. A menção deste nome traz lembranças de sua infância e, principalmente, do Cinema Paradiso, para onde Salvatore, então chamado de Totó, fugia sempre que podia, e fazia companhia a Alfredo, o projecionista. Foi ali que Totó aprendeu a amar o cinema. Após um caso de amor frustrado com Elena, a filha do banqueiro da cidade, Totó deixa a cidade e vai para Roma, retornando somente trinta anos depois, por causa da morte de Alfredo.

Elenco Principal:

  • Philippe Noiret .... Alfredo
  • Jacques Perrin .... Salvatore (adulto)
  • Salvatore Cascio .... Salvatore (criança)
  • Marco Leonardi .... Salvatore (adolescente)
  • Agnese Nano .... Elena (adolescente)
  • Leopoldo Trieste .... Padre Adelfio
  • Enzo Cannavale .... Spaccafico
  • Isa Danieli .... Anna
  • Leo Gullotta .... Usher
  • Pupella Maggio .... Maria (idosa)
  • Roberta Lina .... Lia

18.12.09

COP 15 - dez. 2009

Presidente Lula:

"O mundo não chegará a um acordo climático com meias palavras e barganhas, sem um compromisso forte com metas de redução de emissões de CO2 e a garantia do direito das nações mais pobres de se desenvolverem", ressaltou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a plenária final da 15a. Conferência da ONU sobre Clima (COP 15), nesta sexta-feira, 18 de dezembro.

Em discurso improvisado, o presidente disse que está “um pouco frustrado” com o rumo das negociações para um acordo global em Copenhague até o momento e que somente um milagre mudaria essa situação. Ao mesmo tempo em que destacou um possível resultado tímido da conferência da ONU sobre clima, o presidente brasileiro anunciou que o Brasil poderá contribuir para um fundo internacional que financie medidas para a redução de gases de efeito estufa em países pobres. “Se for necessário o Brasil fazer um sacrifício a mais, estamos dispostos a participar do financiamento”,afirmou.

Segundo Luiz Inácio Lula da Silva, é preciso garantir o direito dos países mais pobres se desenvolverem e protegerem o meio ambiente. Disse ainda que o dinheiro colocado na mesa de negociações pelos países desenvolvidos não é favor nem esmola. "O dinheiro que colocam na mesa é pagamento pela emissão de gases do efeito estufa feita durante dois séculos por quem teve o privilégio de se industrializar primeiro".

O presidente Lula também destacou que o Brasil foi ousado em estabelecer metas voluntárias e dar o exemplo de comprometimento com o combate às alterações do clima. "Pensando em contribuir para a discussão nessa conferência, o Brasil teve uma posição muito ousada", disse. "Apresentamos nossas metas até 2020, assumimos um compromisso e aprovamos no Congresso Nacional transformando em lei que até 2020 que o Brasil reduzirá as emissões de gases do efeito estufa entre 36,1% e 38,9%".

O que penso:

Até onde podemos chegar

Caminhamos até aqui,

nos desenvolvemos e criamos todos os problemas climáticos possíveis.

Desmatamos, poluimos rios, desertificamos... concretamos tudo!

Consumimos irresponsavelmente, armazenamos lixos de toda ordem... Adoecemos!

Está chegando a hora de pagar a conta,

chegamos bem próximo de um colapso global.

Enquanto o mundo se aquece,

O Brasil, esquece o GNV, o Biodiesel e comemora descobertas de reservas de petróleo no

pré-sal; demora ou abandona ou dificulta a realização de projetos de energia limpa.


Milhões de veículos novos estão nas planilhas,

da poderosa indústria automobilística pelo mundo afora,

e em especial no Brasil;

paraíso das montadoras do mundo!

Aqui têm suas fábricas instaladas

e projetam o índice percapto de 1,7 a/c, para as próximas décadas.

Ou mudamos nossos hábitos conservadores de cosumo e transporte,

ou certamente sucumbiremos pela ignorância

e desobediência às leis primárias da Natureza.

É bom lembrar:

" Deus pedoa sempre, o homem de vez enquando, a natureza nunca".

Despertem senhores do mundo, enquanto ainda podem respirar.


J. Carvalho


10.12.09

O TEMPO



A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são seis horas!

Quando se vê, já é sexta-feira!

Quando se vê, já é Natal...

Quando se vê, já terminou o ano...

Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.

Quando se vê, passaram 50 anos!

Agora é tarde demais para ser reprovado...

Se me fosse dado um dia, outra oportunidade,

Eu nem olhava o relógio.

Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho

a casca dourada e inútil das horas...

Seguraria o amor que está à minha frente e diria que eu o amo...

E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido a falta de tempo.

Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.

A única falta que terá será a desse tempo que,

Infelizmente, nunca mais voltará.


Mário Quintana

3.11.09

Homenagem a Claude Lévi-Strauss - 1908 / 2009

Claude Lévi-Strauss, morto no último sábado (1º), aos 100 anos de idade, foi um dos intelectuais mais relevantes do século XX. Destacado antropólogo, ele é considerado o pai do enfoque estruturalista, que influiu de maneira decisiva na filosofia, na sociologia, na história e na teoria literária. Poucos pensadores foram tão longe quanto Lévi-Strauss na exploração dos mecanismos ocultos da cultura, segundo o obituário publicado nesta terça-feira (3) no jornal francês "Le Monde".

"Por vias diversas e convergentes, ele se esforçou para compreender a grande máquina simbólica que reúne todos os planos da vida humana, da família às crenças religiosas, das obras de arte às maneiras à mesa", diz o principal diário do país.

"Ele era o maior cientista da França" - (Jean d'Ormesson, da Academia Francesa)

Lévi-Strauss foi um dos maiores antropólogos de todos os tempos. Suas contribuições, especialmente depois que publicou 'As Formas Elementares do Parentesco', revolucionaram a antropologia contemporânea." (Presidente Nicolas Sarkozy).

Nota de Fernando Henrique Cardoso, sobre a morte de Lévi-Strauss:

"Lévi-Strauss foi um dos maiores antropólogos de todos os tempos. Suas contribuições, especialmente depois que publicou As Formas Elementares do Parentesco, revolucionaram a antropologia contemporânea. A partir de então, a corrente chamada 'estruturalista' passou a exercer enorme influência em todas as universidades.

Tendo sido professor da USP, de 1934 a 1939, utilizou sua experiência com pesquisas diretas sobre indígenas brasileiros para fundamentar suas explicações teóricas. Além disso, ao escrever seu livro mais conhecido, Os Tristes Trópicos, incorporou sua vivência do Brasil a suas memórias e análises mais gerais.

Minha mulher, Ruth Cardoso, foi sua aluna em Paris, seguindo seus seminários no Museu do Homem, em 1961, e, no Collège de France, em 1967/69. Eu o conheci em Paris quando estudei na Sorbonne, em 1961, assim como fui visitá-lo, mais de uma vez, no Collège de France na década de 1970 para render-lhe o tributo devido, a quem teve uma vida intelectual tão fecunda.

Por fim, Lévi-Strauss deixou-nos dois livros de fotografias tiradas por ele em São Paulo e em outros estados do Brasil nos anos 1930. Publicados com os títulos de Saudades de São Paulo e Saudades do Brasil, este em francês, são o testemunho das ligações afetivas do autor com nosso País, aliás, expressas nos comentários das fotos.

Morreu aos 100 anos, porém, ainda recentemente, há coisa de três ou quatro anos, ajudou a organizar e foi visitar uma exposição de cerâmica indígena brasileira exibida em Paris para comemorar o 'Ano do Brasil na França', mostrando sua vitalidade."


Citações de Lévi-Strauss:


"Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele";


"O dia em que se chegar a compreender a vida como uma função da matéria inerte será para descobrir que ela possui propriedades diferentes das que lhe atribuíam".



"O sábio não é o homem que fornece as verdadeiras respostas; é quem faz as verdadeiras perguntas.


29.10.09

DOR DO VIVIDO

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advêm das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado
e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca,
e de que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.

Texto de Carlos Drummond de Andrade

16.10.09


Autoria de Gabriel Garcia Marques ( mas negada por Ele)


La Marioneta

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" Se Por um Instante Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam.
Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom sorvete de chocolate.
Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, vestiria simplesmente, me jogaria de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como minha alma.
Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Mario Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas.
Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida. Não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes – te amo, te amo. Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado do amor.
Aos homens, lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança, lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha.
Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento. Tantas coisas aprendi com vocês, os homens...
Aprendi que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa.
Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo de seu pai, o tem prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.
São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, finalmente, não poderão servir muito porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morrendo".

8.10.09

Uma Lição Para Aprender

Hoje despertei para fazer diferente,
de cara, não demorei tanto para escovar os dentes,
o cabelo, não penteei, só passei os dedos levemente,
calcei um velho sapato mocacim, vesti uma camisa branca,
uma calça surrada e sem cinto, não vesti gravata,
e não planejei o caminho de ida, fui simplesmente.

Deixe o carro na garagem e claro não cheguei a tempo,
mas para que chegar a tempo, se tudo se resolve consequentemente?

Hoje despertei para fazer diferente
e ao deparar com meus e-mails, vi que ali estava um Belo Texto, este da Adília Belloti, carinhosamente me enviado por nosso colega Eduardo Machado, constatei que eu estava com razão, pois ainda dá tempo de viver de outra maneira, confiram e tentem.


A Arte da Imperfeição

" Não sei quanto a você, mas eu ando definitivamente exausta de correr atrás da perfeição. Outro dia me peguei medindo as toalhas de banho dobradas para que elas formassem impecáveis pilhas no meu armário. Uma amiga me diz que arruma os vidros de tempero por ordem alfabética!? E o pediatra solta um comentário bem-humorado sobre mães que se sentem pessoalmente insultadas quando seus filhos ficam gripados. Como se gripe fosse uma espécie de tinta que manchasse a perfeição dos seus pimpolhos...

Nosso índice de tolerância aos "defeitos de fabricação" do universo anda mesmo muito baixo. E isso nos torna a espécie mais reclamona do universo, provavelmente a única, mas é que tenho algumas dúvidas se bois e vacas interiormente não reclamam daquelas moscas sempre em volta dos seus rabos...

Passamos um bocado de tempo tentando caber nas molduras que inventamos para nós. Isso quando escapamos de tentar vestir à força as expectativas que OUTROS criaram para NÓS. Senão, me digam por que seres humanos razoáveis investiriam tanto tempo, dinheiro e energia para tentar recuperar a imagem que tinham aos 18 anos?

Por estas e por outras tantas foi que quando terminei de ler aquele livrinho senti que tinha recebido uma revelação divina! É só um livreto, mas, ao contrário, desses livros bonitinhos que a gente compra como se fosse um cartão para dizer "Feliz Aniversário" ou "Como eu gosto de você", não é tão fácil assim de ler. Muito menos de pôr em prática os conselhos da autora. Em português acabou chamando “A arte de viver bem com as imperfeições”. Uma pena, eu penso. O título em inglês é The Art of Imperfection ou A Arte da Imperfeição. Assim, simplesmente. Teria sido melhor. Porque é disto que Véronique Vienne fala no seu pequeno livro: das formas de perceber a beleza que se esconde nas frestas do mundo perfeito que tentamos, sempre em vão, construir para nós.

Você conhece aquela história de que os tapetes persas sempre tem um pequeno erro, um minúsculo defeito, apenas para lembrar a quem olha de que só Deus é perfeito? Pois é, a Arte da Imperfeição começa quando a gente reconhece e aceita nossa tola condição humana.


Véronique Vienne dividiu seu manual em dez capítulos de títulos muito sugestivos: a arte de cometer erros, a arte de ser tímido, a arte de se parecer consigo mesmo, a arte de não ter nada para vestir, a arte de não ter razão, a arte de ser desorganizado, a arte de ter gosto, não bom-gosto, a arte de não saber o que fazer, a arte de ser tolo, a arte de não ser nem rico nem famoso. E encerra o livro com 10 boas razões para ser uma pessoa comum. "A história está cheia de criaturas incompetentes que foram muitíssimo amadas, desajeitados com personalidades cativantes e gente boba que encanta a todos com seu jeito despretensioso. O segredo? Aceitar nossas falhas com a mesma graça e humildade com que aceitamos nossas melhores qualidades", ela diz. E propõe: "Perdoe a si mesmo. (...) Você não precisa ser perfeito para ser um ser humano bem-sucedido. De fato, com mais freqüência do que imaginamos, o desejo de acertar impede as coisas de melhorarem e a necessidade de estar no controle aumenta a desordem e o caos".


A Arte da Imperfeição, no entanto, não se limita ao reconhecimento das imperfeições humanas. Também tem a ver com nosso jeito de olhar para as coisas mais banais, mais corriqueiras e enxergá-las com outros e mais benevolentes olhos. Leonard Koren, um designer americano, publicou alguns livros tentando revelar para o nosso jeito ocidental as delicadezas do olhar Wabi Sabi.

Wabi Sabi é a expressão que os japoneses inventaram para definir a beleza que mora nas coisas imperfeitas e incompletas. O termo é quase que intraduzível. Na verdade, Wabi Sabi é um jeito de "ver" as coisas através de uma ótica de simplicidade, naturalidade e aceitação da realidade.
Contam que o conceito surgiu por volta do século 15. Um jovem chamado Sen No Rikyu (1522-1591) queria aprender os complicados rituais da Cerimônia do Chá. E foi procurar o grande mestre Takeno Joo. Para testar o rapaz, o mestre mandou que ele varresse o jardim.


Rikyu lançou-se ao trabalho feliz. Limpou o jardim até que não restasse nem uma folhinha fora do lugar. Ao terminar, examinou cuidadosamente o que tinha feito: o jardim perfeito, impecável, cada centímetro de areia imaculadamente varrido, cada pedra no lugar, todas as plantas caprichadamente ajeitadas. E então, antes de apresentar o resultado ao mestre Rikyu chacoalhou o tronco de uma cerejeira e fez caírem algumas flores que se espalharam displicentes pelo chão. Mestre Joo, impressionado, admitiu o jovem no seu mosteiro. Rikyu virou um grande Mestre do Chá e desde então é reverenciado como aquele que entendeu a essência do conceito de Wabi-Sabi: a arte da imperfeição.


O que a historinha de Rikyu tem para nos ensinar é que estes mestres japoneses, com sua sofisticadíssima cultura inspirada nos ensinamentos do taoísmo e do zen budismo, conseguiram perceber que a ação humana sobre o mundo deve ser tão delicada que não impeça a verdadeira natureza das coisas de se revelar. E a natureza das coisas é percorrer seu ciclo de nascimento, deslumbramento e morte; efêmeras e frágeis. Eles enxergaram a beleza e a elegância que existe em tudo que é tocado pelo carinho do tempo. Um velho bule de chá, musgo cobrindo as pedras do caminho, a toalha amarelada da avó, a cadeira de madeira branqueada de chuva que espreguiça no jardim, uma única rosa solta no vaso, a maçaneta da porta nublada das mãos que deixou entrar e sair.


Wabi Sabi é olhar para o mundo com uma certa melancolia de quem sabe que a vida é passageira e, por isso mesmo, bela. Para os olhos artistas de Leonard Koren, Wabi Sabi é inseparável da sabedoria budista que ensina:

Todas as coisas são impermanentes
Todas as coisas são imperfeitas
Todas as coisas são incompletas

Daí olhar para elas de um modo Wabi Sabi é ver:
A beleza que existe naquilo que tem as marcas do tempo (a velha cadeira de balanço com sua pintura já gasta tomando o solzinho que entra pela janela é Wabi Sabi)
A beleza do que é humilde e simples (em vez de sofisticado e cheio de ornamentos inúteis)
A beleza de tudo que não é convencional (quer algo mais Wabi Sabi do que servir à luz de velas e em toalhas de renda um simples hamburguer?)
A beleza dos materiais que ainda guardam em si a natureza (Wabi Sabi é definitivamente papel, algodão, velhos e nobres tecidos, nada de plástico)
A beleza da mudança das estações (que tal experimentar descobrir os primeiros verdes fresquinhos e brilhantes que anunciam a primavera?)
A Arte da Imperfeição é ver a vida com a tranquilidade de quem sabe que a busca da perfeição exaure nossas forças e corrói nossas pequenas alegrias. Porque, como disse Thomas Moore, "a perfeição pertence a um mundo imaginário".

Adília Belloti














24.9.09

Conflito Entre Gerações


(L. F. Veríssimo)



E tudo mudou...
O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã que virou lib, que virou silicone
A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM
A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse
Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal
Ninguém mais vê...
Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service
A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão
O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD
A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3, MP4, cinco... até onde não sei.
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email
O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também o forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bike
Polícia e ladrão virou counter strike
Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato
Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...
A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...
.... De tudo. Inclusive de notar essas diferenças.


16.9.09

Para Sempre Lembrar



" Na vida não há prêmios nem castigo. Somente consequências"


Robert Green Ingersoll


" Deveríamos usar o passado como trampolim e não como sofá".

Harold Macmillan


" Lamentar o passado é como correr atrás do vento"


(Provérbio)


" Quando falares, cuide para que tuas palavras sejam melhores que o teu silêncio".

(Provérbio Indiano)


" Quem não compreende um olhar, tampouco compreenderá uma explicação ".

(Mário Quintana)



" Dinheiro perdido, nada perdido,

Saúde perdida, muito perdido,

Caráter perdido, tudo perdido".


(provérbio)

28.8.09

Um Exemplo a Ser Seguido

O senhor Eggon João da Silva, 79 anos, fundador da WEG Motores, maior fabricante de Motores da América Latina, é um líder nato, um exemplo de vida de um homem de sucesso que se planejou e dedicou toda a sua vida a excelência nas relações de negócios de sua empresa.

Na Revista DOM de Julho a Outubro/2009, uma publicação quadrimestral da FDC - Fundação Dom Cabral, deu uma entrevista que muito nos impressionou, pelos ensinamentos, sabedoria e humildade que ali deixou registrado. Uma de suas citações: "homens motivados por uma ideia são a base do êxito" .

Sobre talentos e motivação das pessoas: - "Na gestão de pessoas houve, sem dúvida, mudanças, muitas grandes; as pessoas estão mais preparadas intelectualmente, mas os verdadeiros " talentos" continuam os mesmos - são aqueles que têm determinação, dedicação, disciplina e desprendimento".

Sobre Responsabilidade Social e Preservação do Meio Ambiente:
" Evoluimos, mas há ainda um longo caminho a percorrer. Quanto a WEG, quando fizemos 25 anos em 1986, elaboramos os "Princípios WEG" que reúnem as forças atuantes no dia a dia de nossas decisões, e reservamos um capítulo para "Princípios do Meio Ambiente", que no ítem 9.1 diz: " Desenvolver-se-á as atividades dentro dos limites da lei, ética, moral e bons costumes" e no 9.2 - " Comprometer-se com a preservação e recuperação da natureza, observando-se: preservar fontes de água; preservar a atmosfera; reflorestar também com espécies nativas capazes de manter a fauna e a flora regional; combater a erosão, protegendo encostas e declives".
Pode-se perceber que, ainda que incipiente, já tínhamos uma preocupação fundamental com a Sustentabilidade. O sucesso não está nas leis, mas sim na consciência que tivemos.

Curiosidade: dos 80% dos atuais 100 executivos, tiveram a empresa como primeiro emprego.

O pensamento de Eggon João da Silva:

" Quanto mais se sobe na hieraquia de uma empresa, mais generalista, e menos especialista o profissional tem de ser";

" Não nasci para fazer carreira; nasci para materializar empreendimentos";

" Recebi de graça os meus talentos, e tem sido meu compromisso utilizá-los para o benefício de muitos";

" Comprometimento é vital, e o resultado final é de todos".

" As crises sempre tiveram aí. São elas que nos oferecem os desafios, pois nas dificuldades surgem as grandes oportunidades";

" Nunca terminamos uma obra, pois cada etapa é uma missão cumprida, mas não o fim da linha. A cada nova etapa, novas missões nos foram colocadas e outras virão";

" Membros familiares na gestão da empresa devem ter o compromisso moral de serem melhores do que os outros";

" A empresa não é um empreendimento apenas para enriquecer a família, mas antes de tudo um bem para fazer a riqueza da empresa, da sociedade e do país";

" Ajudei a construir a maior fabricante de motores da América Latina, reestruturei a Perdigão e contribui muito com outras empresas. Sou um homem realizado".

Parabéns a este empresário, que nos enche de orgulho e serve de exemplo para as novas gerações de empreendedores que virão. Um espelho de vida, determinação, profissionalismo, empreendedorismo e sobretudo dignidade.

24.8.09

Marshall Mcluhan

Estava devendo em meu blog alguma coisa sobre Herbert Marshall Mcluhan, Intelectual importante, educador e filósofo Canadense - Edmonton 21/07/1911 a Toronto 31/12/1980, foi precursor dos estudos midiológicos para o entendimento e a estruturação dos meios de comunicação no âmbito global.

Começou por estudar Engenharia, na universidade de Manitoba, 1932, mas cabou por se formar em Literatura Inglesa Moderna, em 1934. Ensinou na Universidade de Wisconsin, entre 1936 e 1937. Fez o mestrado em Cambridge, em 1939, e doutourou-se em filosofia, em 1943, com uma tese sobre o autor satírico inglês Thomas Nashe. Entre 1944 e 1946 foi prof. de literatura na Universidade de assumption, Wisconsin e Saint Louis, nos EUA, e na Universidade de Toronto, entre 1946 e 1979. Das cerca de 15 obras que publicou, faz parte livros como The Medium Is The Menssage: An Inventory of Effects(O Meio é a Mensagem, 1967) e War and Peace in the Global Village (Guerra e Paz na Aldeia Global, 1968).

Sobre sua Idéias:

Macluhan introduz as expressões: O Impacto sensorial, O Meio é a Mensagem e Aldeia Global, como metáforas para a sociedade contemporânea, ao ponto de se tornarem parte da nossa linguagem do dia a dia.

Teórico dos meios de comunicação, foi precursor dos estudos midiológicos. Seu foco de interesse não são os efeitos ideológicos dos meios de comunicação sobre as pessoas, mas a interferência deles nas sensações humanas, daí o conceito de " Meios de Comunicação Como Estensões do Homem" (título de uma de suas obras). Em outras palavras, a forma de um meio social tem a ver com as novas maneiras de percepção instauradas pelas tecnologias da informação. Os próprios meios são a causa e o motivo ds estruturas sociais. ( o que hoje no novo século se confirma).

Sobre sua Fama:

Com suas idéias, que estimulou milhares de intelectuais, jornalistas, artistas, em todo o mundo, sendo considerado pela revista Fortune, como "uma das principais influências intelectuias do nosso tempo". Teve seu reconhecimento deve-se entre outros fatores, ao pionerismo no estudo das tecnologias e seus impactos na construção da sociedade humana em suas diferentes fases. Famoso também pela Inovadora idéia da Aldeia Global.

Suas publicações contribuíram de forma decisiva para combater a inércia de um público tanto acadêmico, quanto popular, numa altura em que o otimismo estava na moda.
A revista The New Yorker, afirmou " O que continua importante é a postura global de Mcluhan e a sua busca do novo. Ele deu o necessário impulso ao grande debate sobre o que está a acontecer ao homem nesta idade de rápida aceleração tecnológica".

É de sua autoria a frase que descreve a TV: " A Imagem, o Som e a Fúria " .

Como paradigma da Aldeia Global, ele elegeu a televisão, um meio de comunicação de massa em nível internacional, que começava a ser integrado via satélite. Esqueceu, no entanto, que as formas de comunicação da aldeia, são essencialmente bidirecionais e entre dois indivíduos. Somente agora, com o celular e a internet é que o conceito começa a se concretizar.

Últimos Pensamentos: Na sua última aparição na televisão, na Universidade de York, em Toronto, durante a primavera de 1979, fez uma síntese final da sua teoria. Tinha começado a olhar todos os artefactos humanos, desde os primeiros instrumentos até aos media electrónicos, incluindo os computadores, como extensões do corpo humano e do seu sistema nervoso - e como componentes da evolução humana, de um modo que Darwin nunca poderia ter imaginado.

Em setembro de 1979, Mcluhan sofreu uma trombose que o deixou incapaz de falar, ler ou escrever. Faleceu enquanto dormia a 31 de dezembro de 1980.

NORMOSE - Marta Medeiros



Lendo uma entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, considerado o fundador da ioga no Brasil, ouvi uma palavra inventada por ele que me pareceu muito procedente: ele disse que o ser humano está sofrendo de NORMOSE, A Doença de Ser Normal. Todo mundo quer se encaixar num padrão.

Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Quem não se "normaliza" acaba adoecendo.

A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento.
A pergunta a ser feita é: quem espera o quê de nós?
Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas? Eles não existem.

Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados.

Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos.

Melhor se preocupar em ser você mesmo.
A Normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa...

Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar?

Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias. Um pouco de auto-estima basta.

Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regrasbovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo.

Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original.

Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.

Eu não sou filiada, seguidora, fiel, ou discípula de nenhuma religião ou crença, mas simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera.
Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.
Marta Medeiros/Jornal Zero Hora - POA - RS-05.08.07

17.8.09

Aperte o Play

Aperte o Play e como se fosse mágica,
resolva alguns problemas complicados,
mas longe de ter o desejo de resolver os da nação;
lave as mãos, diante do absurdo que se instalou!

Aperte o Play
e vislumbre as soluções idealizadas,
aparições e sumiços de projetos,
na mesa do arquiteto da hora,
que não demora querer resolver a crise do senado;

Aperte o Play e imagine outros fatos...
ruptura dos gargalos na pauta que faltou.
Lula viajou, outra vez rumo ao norte,
que sorte! Caiu no cólo da Dilma os pepinos
da refazenda e da receita federal, da política nacional.

Legal, diz o senador Suplicy,
mirando a tribuna com o senador Simon,
e ele declama Cat Stevens, lentamente,
assim é o seu jeito e o seu perfil,
e diz que se é limão, espreme n´água, adoça e serve a limonada,
e faz um brinde ao Brasil.

J. Carvalho 15.08.09

11.8.09

Plabo Neruda

Um pouco da Biografia de Pablo Neruda:

nasceu em Parral , em 14 de julho de 1904, como Ricardo Eliezer Neftalí Reyes Basoalto. Era filho de José del Carmen Reyes Morales, um operário ferroviário, e de Rosa Basoalto Opazo, professora primária, morta quando Neruda tinha apenas um mês de vida. Ainda adolescente adotou o pseudônimo de Pablo Neruda (inspirado no escritor checo Jan Neruda), que utilizaria durante toda a vida, tornando-se seu nome legal, após ação de modificação do nome civil.

Em 1906 seu pai se transferiu para Temuco, onde se casou com Trinidad Candia Marverde, que o poeta menciona em diversos textos, como "Confesso que vivi" e "Memorial de Ilha Negra", como o nome de Mamadre. Estudou no Liceu de Homens dessa cidade e ali publicou seus primeiros poemas no periódico regional A Manhã. Em 1919 obteve o terceiro lugar nos Jogos Florais de Maule com o poema Noturno Ideal.

A seguir um dos seus belos poemas:



Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.

Plabo Neruda

Eça de Queiros

"Os Políticos e As Fraldas, devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão”.

Muito oportuno, ao momento político nacional.

11.08.2009

7.8.09

Gente Fina...

Gente fina é aquela que é tão especial que a gente nem percebe
se é gorda, magra, velha, moça, loira, morena, alta ou baixa.

Ela é gente fina, ou seja, está acima de qualquer classificação.
Todos a querem por perto.

Tem um astral leve, mas sabe aprofundar as questões, quando necessário.
É simpática, mas não bobalhona.

É uma pessoa direita, mas não escravizada pelos certos e errados:
sabe transgredir sem agredir.

Gente fina é aquela que é generosa, mas não banana.
Te ajuda, mas permite que você cresça sozinho.

Gente fina diz mais sim do que não, e faz isso naturalmente, não é para agradar.
Gente fina se sente confortável em qualquer ambiente: num boteco de beira de estrada e num castelo no interior da Escócia.

Gente fina não julga ninguém - tem opinião, apenas.
Um novo começo de era, com gente fina, elegante e sincera.
O que mais se pode querer?

Gente fina não esnoba, não humilha, não trapaceia, não compete e, como o próprio nome diz, não engrossa.

Não veio ao mundo pra colocar areia no projeto dos outros.

Ela não pesa, mesmo sendo gorda, e não é leviana, mesmo sendo magra.
Gente fina é que tinha que virar tendência.
Porque, colocando na balança, é quem faz a diferença.


MARTHA MEDEIROS

4.8.09

Vinicius de Morais

O dia da criação

I

Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.


II

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Hoje há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado
Há um rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito-de-porco
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criançinhas que não comem
Porque hoje é sábado
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado
Há uma comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado


III

Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens,
ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
e depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra
e depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra,
melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.

Na verdade, o homem não era necessári.
Nem tu, mulher, ser vegetal, dona do abismo, que queres como
as plantas, imovelmente e nunca saciada.

Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias.
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa.
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos.
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas
em queda invisível na terra.

Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes.
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia.
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo.
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda
e missa de sétimo dia.

Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das
águas em núpcias.

A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio.
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos.
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas.
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade.
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo.
E para não ficar com as vastas mãos abanando;
resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança.
Possivelmente, isto é, muito provavelmente,
Porque era sábado.

Domingo



Domingo não é um dia,
domingo é um estado de espírito.
Vontade de subir montanhas, ver o mar...
Visitar os campos e dormir diferente.

Domingo é para se alegrar, se exercitar,
passear com a família,
praticar a nova receita,
visitar parentes, sair com amigos;
tomar um Sol, caminhar com o cachorro,
visitar Ouro Preto, Mariana, Tiradentes...

Domingo não é qualquer dia,
homens, mulheres e crianças,
ficam mais atentos e prontos para a esperança.
A diversão no parque, andar de bicicleta,
ir ao cinema, ao shopping, ao futebol...

Domingo é um estado de revigorar-se,
transcender, amar e refletir, orar fortemente;
domingo nos deixa meio assim...
Com a vontade de renovar o tempo
e buscar na vida um novo jeito de
melhor repartir os frutos do bem da gente.

J. Carvalho / 02.08.2009

17.7.09

Niemeyer

"Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos,
a curva é o que faz o concreto buscar o infinito".

Oscar Niemeyer


"Para Niemeyer, a cúpula convexa do Senado, menor que a da Câmara dos Deputados, retrataria um local propício para reflexão e equilíbrio, onde são valorizados o peso da experiência e o ônus da maturidade. Ele não poderia imaginar as coisas que aconteceriam por lá cinquenta anos depois". Revista Piauí - Edição 34.

15.7.09

Faxinar

Mãos às vassouras povo brasileiro,
Vamos limpar as cavernas da Câmara e do Senado,
por para fora a sujeira que ali campeia,
a falsidade, a mentira, os fantasmas desservidores...

Faxinar os corredores, as salas,
os porões secretos...
Baixar novos e justos decretos
para descobrir os beneficiários
dos atos sujos, que nos envergonha a todos.

Passar o rodo...
Encurtar a mão dos gananciosos
e irresponsáveis que nos enganam,
e nos afanam nas horas extras,
nos inúmeros contra-cheques...
Nas falcatruas dos negócios espúrios
em nome da nação.

Precisamos acordar e faxinar os palácios,
antes que nossa face rubra
não se envergonhe do seu próprio espelho,
diante do mundo.

À Faxina povo brasileiro!

J. Carvalho
15.07.2009

29.6.09

In Neverland (Tributo a Michael Jackson)

"Human Nature"; "Will You Be There"; "USA For África - We Are The World"; "You Are Not Alone", "Heat The World"; "Black Or White"; "Thriller"; "They Don´t Care About Us"...

São obras de um gênio transformador, quase perfeito;
de um ídolo universal que se eternizou.
N´alma, carregava a dor de sua infância roubada,
de sua adolescência comprometida,
e de sua maturidade que não conseguia construir
de forma satisfatória e plena.

Michael anjo negro, mutante...Único!
Extremamente estético, criativo e inovador;
no palco, toda a sua vida;
fora dele, fantasia, fantasmas e solidão.

Dos sacrifícios impostos por seu pai, desde cedo,
e que paradoxalmente o lançou na vida artística;
ficaram as dores e os traumas que o fez uma metaforse constante.
Mas seguiu determinado e conquistou os corações mundo afora,
mesmo com a obsessão de ser um Peter Pan, como ele mesmo se definia.

Assim foi até o fim, King Of Pop!
Famoso, indefeso, indefinido, excêntrico...,
Um gigante na arte de compor e dançar,
que encantou o planeta e que agora partiu,
definitivamente ao encontro de sua paz in Neverland.


J.Carvalho 26.06.2009

Franklin D. Roosevelt

" Faça o que você pode,com o que você tem,
aonde você estiver"


Franklin Delano Roosevelt(ex-presidente USA)

26.6.09

Michael Jackson ( O mito Autofágico)

Decifra-me ou te devoro...

Decifra-me ou te devoro...
Assim dizia a esfinge mitológica em Édipo Rei, de Sófocles, propondo a todos que passavam o quebra-cabeça mais famoso da história, conhecido como o enigma da esfinge:
Que criatura pela manhã tem quatro pés, ao meio-dia tem dois, e à tarde tem três?
Na sequência ela estrangulava e devorava o pobre passante que se mostrava incapaz de desvendar o enigma. Daí a origem do nome esfinge, que deriva do grego sphingo, que quer dizer estrangular.
Édipo resolveu o quebra-cabeça: O animal é o homem: engatinha quando bebê, anda sobre dois pés na idade adulta, e usa uma bengala quando é ancião.
Furiosa com tal resposta, a esfinge teria cometido suicídio, atirando-se em um precipício. Versão alternativa diz que ela devorou a si mesma.
Lembrei-me dessa história diante da avalanche de notícias sobre a morte de Michael Jackson.
Não é para menos. A carreira do astro pop é uma exuberância de números, recordes excentricidades e escândalos. Pelos menos 40 anos na mídia! Se considerarmos que morreu aos 50, é mesmo um fenômeno.
Comparo a figura do astro americano à história de um outro negro famoso, o nosso Pelé. Algum tempo atrás, numa entrevista, um repórter perguntava porque o astro do futebol se referia a si mesmo sempre na terceira pessoa, como se “o Pelé” fosse uma entidade, e o Edson Arantes do Nascimento, outra.
Pelé respondeu, primeiro com um sorriso. E completou: “faço isso para sobreviver. O mito, Pelé, alcançou tal fama e poder que corria o risco de engolir, devorar o Edson. Se o Edson queria ter vida privada, um cotidiano minimamente normal, não poderia se confundir com o Pelé, teria guardar distância dele. A lenda, o mito, a fama, pertencem a Pelé. O Edson é um cidadão quase comum...”.
Sábio o nosso Edson. Decifrou o enigma, o que levou o garoto pobre de Três Corações ao título de atleta do século. Ganhou todos os títulos que poderia ganhar, deixando a imagem fantástica de um jogador de futebol que já fazia arte, antes que câmeras múltiplas registrassem, por todos os ângulos, seus dribles mágicos, suas jogadas e gols inesquecíveis.
Já pensou se Pelé jogasse hoje? Teriam que inventar palavras que fossem além de fenômeno...
Michael Jackson não teve a mesma sorte ou capacidade. Nascido também negro e pobre, num país e num tempo racistas, desde a infância viu-se jogada às feras do show businnes, levado, segundo consta, pelas mãos de um pai de poucos escrúpulos. Com os irmãos, no grupo Jackson Five, conheceu o sucesso e a glória. A carreira solo foi conseqüência natural do seu talento. A solidão também.
Michael não decifrou seu próprio enigma e foi sendo, aos poucos, devorado. O brilho da sua arte compensava, ofuscava seus problemas pessoais. Movimentava milhões de dólares no bilionário mundo da música pop. Se não inventou o vídeoclip, Michael Jackson o colocou na categoria de espetáculo definitivo. Dois momentos ficaram, como registro indiscutível do seu talento: a coreografia de Triller e a montagem feita com imagens de uma de suas turnês sobre a cantata Carmina Burana. Fantásticos!
Mas, aos poucos, o processo autofágico de Michael Jackson foi ficando visível em seu próprio corpo. Começou por devorar o seu rosto, estendeu-se pela pele, os cabelos, digeriu a sua cor. Vitiligo, acidente, queimadura, erro médico, muitas hipótese e especulações. Pouco importa. O que impressiona é comparar a foto do astro, aos onze anos, no início da carreira, e a imagem grotesca dos últimos tempos.
Acuado, cada vez mais estranho e amalucado, isolou-se numa mansão que chamou de “Never Land”, a Terra do Nunca, onde, qual moderno Peter Pan, recusava-se a crescer ou, mais provavelmente, buscava resgatar a criança que nunca pode ser.
Vieram os escândalos, as acusações, os processos. Casou-se, curiosamente, com a filha de um outro “devorado”, Priscila Presley, filha de Elvis. Descasou-se, casou-se novamente, teve filhos. O que nunca teve foi paz e sossego.
Na outra ponta da notícia liderou campanhas beneficentes e gravou, com os melhores artistas do mundo, o maior sucesso entre as músicas chamadas beneficentes: “We are the world”, em favor dos famintos da África.
Paradoxalmente, Michael Jackson, que alimentou a fantasia de tantos, morreu de fome de si mesmo, depois de se devorar. Ainda engatinhando, morreu às duas da tarde da vida, tentando caminhar sobre dois pés. Sua arte fica. O enigma também.
Diante dele, duas certezas: primeira; não se devorou sozinho. Todos nós, ávidos e vorazes, tiramos nossa casquinha, cortamos nossa fatia de curiosidade mórbida.
Segundo; não existe sucesso a qualquer custo. O custo, às vezes, pode ser alto demais. Pode custar não apenas a morte. Pode cobrar o preço de toda uma vida.

Eduardo Machado
26/06/2009

22.6.09

DEUS CRIANÇA

Num meio-dia de fim de primavera,
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra
Tornado outra vez menino.
Tinha fugido do céu.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo,
Com flores e árvores e pedras.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas.
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão,
E olha devagar para elas.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
Ao fim do dia eu conto-lhe histórias
das cousas só dos homens.

Alberto Caeiro