15.1.10

Zilda Arns ( Dra. Esperança)

ZILDA ARNS, foi um exemplo de caráter, de profissionalismo, mãe, mulher e sobretudo de um ser humano de alma rara. Sua vida foi de doação ao próximo, em especial às crianças e aos idosos desamparados e desesperançados.

O Jornal Opinião da Rede Catedral de Comunicação Católica, prestou a ela uma bonita homenagem, em sua edição 1076. Por sua morte trágica no Haiti, foi vitimada pelos escombros de um terremoto de alta magnitude que devastou sua capital, dela transcrevo o poema do Chico Morais, (membro da Rede de Comunicadores Solidários à Infância/Pastoral da Criança - (RN).


Quando ainda era penumbra,
acendeste uma luz:
crianças ganharam brilho nos olhos,
ao recobrarem a vida.

Uma procissão de olhares luminosos,
qua acendeste com tua esperança,
acompanharão teu cortejo,
quando voltares ao Brasil.

Curumins, guris e gurias, moleques e molecas,
meninos e meninas, estrelas,
anjos de tantas raças e credos,
serão os teus anjos em prece.

E vais, e vais... subindo, subindo...
iluminada pelos olhos dos agradecidos
de tantas mães, de tantos pais,
de tantos...

Soubeste rezar caridade,
com ação de quem acreditou na Vida.
E lá, encontrarás Outra Mãe agradecida,
por teres salvado o Cristo
na pele de tantas crianças desnutridas.

E Deus, em Seu trono,
Dará toda licença, toda confiança,
para continuares eterna coordenadora
da Pastoral da Criança.
E outras mãos continuarão rezando tua esperança.

5.1.10

Lya Luft ( Feliz 2010 )


O Ano de Pensar ( veja ed. 2146)


... "Pensar não é uma obrigação: é um direito e deveria ser um prazer.
Naquela horinha no ônibus ou no carro, andando, nadando, comendo,
não fazendo nada - o que é um luxo, e nós bobos, poucos saboreamos -
nada melhor do que deixar tudo de lado e refletir, ou deixar as ideais vagando
numa atenção flutuante, como dizia Freud. Largar a mão, por alguns instantes,
dos compromissos, do cansaço, da falta de tempo, da dificuldade em ser feliz,
da pouca harmonia consigo e com o mundo, das tragédias, das decepções universais
ou pessoais - e dar-se o prêmio de pensar.

...A essência seria esta: neste ano eu vou pensar. Em mim, na vida, nos outros, no mundo,
em mil coisas ou numa coisa só - que seja realmente importante.
Pensar para ser uma pessoa mais decente; pensar para amar mais e melhor, começando
por mim mesmo; pensar para votar com mais lucidez; pensar no que de verdade eu quero,
se é que eu quero alguma coisa - ou sou do tipo que se deixa levar pelo desânimo, pela preguiça
ou desencanto?...

...Acredito que apesar de Copenhague, o mundo não vai torrar (as opiniões dos cientistas divergem), que vamos ter motivo para nos orgulhar de nossos países, que não vai haver tanta miséria e cinismo, que colégios vão ensinar melhor e exigir mais em lugar de facilitar tão absurdamente e despejar tanta gente despreparada no mundo.

Sei que todos algum dia acordamos com a senhora desilusão sentada na beira da cama. Mas a gente vai à luta e inventa um novo sonho, uma esperança, mesmo recauchutada: vale tudo menos chorar tempo demais. Pois sempre há coisas boas para pensar. Algumas se realizam. Criança sabe disso. Feliz 2010!



"Lula O Filho do Brasil"

Quem tem medo do Lula?

Todas as prevenções possíveis foram propaladas pela imprensa mercantil: “Cuidado, o filme (piegas, para eles, como tudo o que é do povo), tenta pegar você pelo sentimento, pelo sofrimento da mãe nordestina (ainda mais que feita pela cativante Gloria Pires), é um filme populista, a cara desse governo”. Um funcionário da empresa dos Frias (a Força Serra Presidente) diz que prefere Vidas Secas, do Graciliano. (Tem tanto a ver quanto dizer que, aos “2 filhos de Francisco”, eu prefiro Sacco e Vanzetti).

Só para tentar desqualificar algo que incomoda profundamente a elite branca, assumidamente sulista (do Sul maravilha do Henfil, que os estaria gozando mais do que nunca hoje), racista, separatista (ao estilo de 1932, quando diziam que São Paulo era “a locomotiva do país”, que puxava tantos vagões de gente que não queria trabalhar, mas viver às custas dos paulistas, daí o separatismo e o “Não sou conduzido, conduzo”, seu lema na época).

Poderiam ter feito outra coisa: um filme com a biografia do FHC. (Como reclamam que o programa do PT fez a comparação do governo Lula com o do FHC, então devem fazer o próximo programa tucano fazendo a sua comparação dos dois governos.)

O filme é lindo e emocionante, porque trata de uma trajetória de vida linda e emocionante. E vitoriosa. (Ao contrário do belíssimo Vidas Secas, mas que trata da grande maioria dos nordestinos, especialmente até bem pouco, derrotados.) As novelas invisibilizam os nordestinos, quando são retratados, em geral pela literatura, às vezes pelo cinema, são focalizados no seu sofrimento ou em alguma saída individual, mágica, que não passa pela política. Senão seria um convite à ir à luta.

E Lula, sua vida, incomodam, porque é um nordestino vitorioso. Não apenas porque passou por todos os sofrimentos e perdas que a grande maioria do povo brasileiro passa. Mas porque as superou, chegou a presidente da República, derrotando candidatos da direita e começou a mudar a vida das pessoas que, como ele, nasceram na miséria, que são a grande maioria, porque as elites reproduziram um país para poucos, para eles.

Entre tudo de extraordinário que acontece na Bolívia atualmente, seu vice-presidente, Alvaro Garica Linera, destaca especialmente um breve diálogo entre Evo Morales e um menino de origem indígena, quando Evo lhe pergunta o que ele quer ser quando crescer e ele responde: “Presidente”. Num país em que, apesar de dois terços da população se considerar indígena, até 4 anos atrás nunca um indígena tinha sido eleito presidente.

Depois de Lula, um menino pobre, da nordeste ou da periferia das nossas grandes e opulentas metrópoles, com as misérias que as cerca, podem pensar em ser presidentes do Brasil.

O filme é sobre dona Lindú, porque nas famílias pobres, sofridas, a vida da mãe é indissoluvelmente a vida dos filhos e vice-versa. É um belo filme, porque é uma bela vida, tratada com sensibilidade e com afeto. Numa família pobre, o personagem central é a mãe, que cuida dos filhos, os educa, trata de que possam tocar sua vida da melhor maneira, sobre com eles e por eles.

Lula é o filho de dona Lindú, por isso é o filho do Brasil, como homenagem a todas as donas Lindú que batalham, sofrem e riem – como ela ri, numa das cenas mais emocionantes do filme, quando Lula recebe o diploma de torneiro mecânico -, vivem e morrem com e pelos seus filhos.

Têm medo de Lula todos os que têm medo do povo, do povo brasileiro, dos seus personagens – que eles tratam de esconder na sua imprensa, na sua cultura, nos seus discursos. Têm medo de Lula, porque sentem que lhes estão roubando um país que sempre sentiram como seu. De repente um nordestino, imigrante pobre, que perdeu um dedo na máquina, como operário nordestino, promove os direitos de gente como ele, que sempre foi postergada – “inimpregáveis”, segundo FHC, “essa raça”, para Bornhausen.

Vale muito a pena ver o filme. Pelas emoções que ele transmite e para nos darmos conta um pouco mais do que significa Lula ter sido eleito presidente e governar com o apoio de mais de 80% dos brasileiros, especialmente de todos os filhos de dona Lindú.

Emir Sader às 14:31 - 01.01.2010

4.1.10

Solidão ( Por Chico Buarque)


"Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos...

- Isso é Equilíbrio!

...Solidão não é o Claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida...

- Isso é um princípio da natureza.

...Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...

- Isso é circunstância.

... Solidão é muito mais do que isto.

Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma"!