30.10.12

 "GONZAGA - DE PAI PARA FILHO"  - o filme.

Assistam esse filme em homenagem ao Rei do Baião - (Luiz Gonzaga), no ano de  seu centenário. Uma bela história de vida. Esse nordestino, caboclo,  nascido no sertão de Pernambuco, na cidade de Exu, que desiludido por uma paixão não correspondida, foge para o mundo e chega ao Rio de Janeiro para tentar realizar seu sonho de ser um grande safoneiro do forró, através de seus xotes, xaxados e baiões, alcança  o sucesso apesar de muita luta e dificuldades.

Além de sua bela história de sucesso,  esta obra narra a saga familiar de Luiz "Lua" Gonzaga, que atinge seu ápice, nas cenas belíssimas do pai e do filho (Gonzaguinha) alcançando, depois de anos disanciados, a sofrida reconciliação. -  Pai e filho, este já no auge de sua carreira finalmente se abraçam e realizam uma turnê (Viajante),  por todo o Brasil. . Uma bela obra dirigida por Breno Silveira.  Um filme que nos toca profundamente em nossos corações.
                                                 
J. Carvalho 

- Sinopse: 

"Decidido a mudar seu destino, Gonzaga sai de casa jovem e segue para cidade grande em busca de novos horizontes e para apagar uma tristeza amorosa. Lá, ele conhece uma bela mulher, Odaléia (Nanda Costa), por quem se encanta. Após o nascimento do filho e complicações de saúde da esposa, ele decide voltar para a estrada para garantir os estudos e um futuro melhor para o herdeiro. Para isso, deixa o pequeno aos cuidados de amigos no Rio de Janeiro e sai pelo Brasil afora. Só não imaginava que essa distância entre eles faria crescer uma complicada relação, potencializada pelas personalidades fortes de ambos. Baseada em conversas realizadas entre pai e filho, essa é a história do cantor e sanfoneiro Luiz Gonzaga, também conhecido como O Rei do Baião ou Gonzagão, e de seu filho, popularmente chamado de Gonzaguinha".

Críticas "Adoro Cinema" -  Gonzaga - De Pai pra Filho


O cineasta Breno Silveira conquistou o Brasil com o sucesso de 2 Filhos de Francisco, apresentou também em 2012 À Beira do Caminho, com canções de Roberto Carlos, e chega agora com outro filme com a música brasileira servindo de pano de fundo, no caso, as cantadas por Gonzagão e Gonzaguinha. Antes que você começe a pensar que o cara é um "tarado" pela MPB, perde tempo não, tenha certeza logo porque é fato consumado. E mais uma vez ele faz dela, a composição, um elemento para ajudar a contar a história.

Picture - Movie: 186007Para entender rapidamente, o filme surgiu da audição de uma pilha de fitas cassete (os mais jovens nem devem saber o que diabos é isso) que registraram as conversas de pai e filho, numa espécie de acerto de contas com o passado. Cheinho de momentos marcantes na carreira de ambos, o longa vai contando, tintim por tintim, esse enredo de duas vidas norteadas pela música, mas desafinadas pela distância. Estão lá o primeiro amor, a luta contra o preconceito, a paixão adulta, o jeitão tinhoso de ser, o sonho de ter um filho "doutor", o pesadelo vivido para viabilizar essa obsessão e, acima de tudo, o desejo de ter um pai.

Além de muito som pra cabra da peste nenhum botar defeito, a produção também tem imagens lindas, excelente trabalho de reconstituição de época e um elenco de desconhecidos de tirar o chapéu, de cangaço. Destaque para Júlio Andrade no papel de Gonzaguinha já na fase adulta e Adélio Lima (fase adulta) e Chambinho do Acordeon (fase jovem) como Gonzagão. Este último, ainda mais por não ser ator e ter dado conta do fole, quer dizer, recado.

Picture - Movie: 186007Nesse mesmo quesito, porém, pode estar um dos possíveis pontos fracos da obra. Os muitos atores para interpretar diferentes fases dos dois protagonistas (três para cada) podem causar certa confusão e fazer com que o público não se envolva tanto. Por conta disso, as muitas idas e vindas do roteiro, se não complicam, também não ajudam tanto nessa tarefa de manter o espectador ali no cabresto, ligado. É detalhe? Pode ser. Para uns pode fazer diferença, mas nada que justifique passar longe da sala escura e ver que essas vidas, assim, às claras, foi carregada de amor, cada um do seu jeito.

Apesar de ser um filme de ficção, o roteiro de Silveira e Patricia Andrade mistura imagens reais, resgatando o forte impacto de algumas cenas emocionantes, como o encontro de pai e filho nos palcos da vida. Faz também você viajar pelas muitas músicas de Gonzagão, algumas de Gonzaguinha e sentir um breve nó na garganta. Ou seja, não assistir Gonzaga - De Pai pra Filho é tapar os ouvidos para uma grande (e dolorosa) história musical de dois caras talentosos que precisavam se entender, mostrada numa produção arretada de bom e, o melhor, não precisa ser fã.

 

18.10.12

Ei!... (Charles Chaplin)

Praia de Itacarezinho - Sul da Bahia


Ei! Sorria... 
Mas não se esconda atrás desse sorriso...
Mostre aquilo que você é, sem medo.
Existem pessoas que sonham com o seu sorriso, assim como eu.
Viva! Tente! A vida não passa de uma tentativa.

Ei! Ame acima de tudo, 
ame a tudo e a todos.
Não feche os olhos para a sujeira do mundo, não ignore a fome!
Esqueça a bomba, mas antes, faça algo para combatê-la, mesmo que se sinta incapaz.
Procure o que há de bom em tudo e em todos.
Não faça dos defeitos uma distancia, e sim, uma aproximação.

Ei! Aceite! 
A vida, as pessoas, faça delas a sua razão de viver.
Entenda! Entenda as pessoas que pensam diferente de você, não as reprove.
Ei! Olhe... Olhe a sua volta, quantos amigos...
Você já tornou alguém feliz hoje?
Ou fez alguém sofrer com o seu egoísmo?

Ei! Não corra. 
Para que tanta pressa? Corra apenas para dentro de você.
Sonhe! Mas não prejudique ninguém e não transforme seu sonho em fuga.
Acredite! Espere! Sempre haverá uma saída, sempre brilhará uma estrela.
Chore! Lute! Faça aquilo que gosta, sinta o que há dentro de você.

Ei! Ouça... 
Escute o que as outras pessoas têm a dizer, é importante.
Suba... faça dos obstáculos degraus para aquilo que você acha supremo,
Mas não esqueça daqueles que não conseguem subir a escada da vida.
Ei! Descubra! Descubra aquilo que há de bom dentro de você.
Procure acima de tudo ser gente, eu também vou tentar.

Ei! Você... 
não vá embora.
Eu preciso dizer-lhe que... te adoro, 
 simplesmente porque você existe.


13.10.12

Teoria das Janelas Quebradas (Por Ramiro Batista)



Amigos leitores, 
compartilho este texto do Jornalista Ramiro Batista. Um texto forte,  que nos estimula e nos responsabiliza a todos a convocar as autoridades locais, para uma reflexão e de imediato a elaboração de um projeto que nos coloque em segurança em nossa cidade. Há uma saída, há um caminho... e tem que ser agora, enquanto podemos preservar vidas importantes para todos nós. 
11 de outubro de 2012 07:27

Cecília Bizzoto e a teoria das janelas quebradas

Cecília Bizzoto levou um tiro no peito porque tentou avisar a polícia que estava sendo assaltada, depois de cometer outra imprudência maior: parar o carro e abrir a porta da garagem para entrar em casa.
Se tivesse entrado de noite no metrô de Nova Iorque, no final dos anos 80 e início dos 90, e caído na besteira de olhar para um dos tantos viciados em crack, corria o risco de ser roubada, estuprada e morta.
Trens e estações haviam se transformado em sucursais do inferno - pichados, tomados de lixo, ocupados por viciados, mendigos e assaltantes que dominavam as roletas, cobravam pedágio, assaltavam e matavam. Eram a melhor representação do estado de caos da cidade que detinha um dos maiores índices de criminalidade do mundo.
Em poucos anos, porém, esses índices caíram a quase zero, na mais rápida, surpreendente e famosa política de redução de violência com métodos simples e óbvios que viraram modelo invejado mas não necessariamente seguido por metrópolis em todo o mundo.
A chamada "política de tolerância zero" nasceu da teoria da janela quebrada de dois criminalistas, James Q. Wilson e George Kelling. Ela parte do princípio de que a desordem é a principal causa dos crimes e a janela quebrada, um de seus principais símbolos. Se uma janela está quebrada e ninguém conserta, significa que ninguém se importa e que ninguém está no controle. Sinais semelhantes, como pichações, mendicância ostensiva e outras desordens públicas, são uma metáfora dessa janela – passam a mesma ideia e funcionam como estímulo ao crime, num círculo crescente e vicioso.
– Assaltantes e ladrões, oportunistas ou profissionais, acham que suas chances de serem presos ou até identificados diminuem se atuarem em ruas onde as vítimas em potencial já estão intimidadas pelas condições reinantes – disseram eles num estudo de 1982, Broken Windows: the police and neighborhood safety, (Janelas Quebradas: a polícia e a segurança da vizinhança) .
Com o tempo, por contágio, outras pessoas começam também a desrespeitar a ordem pública e a cometer pequenos crimes que podem redundar em grandes. Como viam que era comum e impune pular roletas, por exemplo, cidadãos comuns e crianças também começavam a fazer o mesmo.
Contratado como consultor do metrô, George Kelling teve grande dificuldade de convencer sua direção de que era preciso atacar prioritariamente problemas prosaicos como pichações num sistema em guerra. Mas um novo diretor resolveu encarar o desafio, num sistema radical de limpeza dos vagões todas as noites, de forma a deixá-los limpos pela manhã. Se fossem pichados durante o dia, voltariam a ser limpos à noite, assim que estacionassem na garagem.
Um novo chefe de polícia de trânsito, duro e quixotesco, também resolveu atacar o que parecia um problema pequeno – o calote nas passagens, cerca de 170 mil pessoas por dia. A ideia é de que eram um símbolo de desordem que estimulavam crimes maiores. Pois ele montou uma equipe de policiais diante das roletas, passou a prender, algemar e colocar os caloteiros em fila nas plataformas, passando um claro sinal de que haveria ordem dali para frente. Montou uma delegacia num ônibus para facilitar identificação e a montagem de processos criminais, para enfrentar uma dos maiores entraves. Policiais não prendiam porque se gastava o dia inteiro com a prisão, o deslocamento, o preenchimento de formulários.
Nomeado posteriormente chefe do Departamento de Policia de Nova Iorque, pelo prefeito Rudolf Giuliani, esse sujeito, William Bratton, começou atacando os lavadores de para-brisa e os que urinavam nas calçadas como início do modelo de tolerância zero que mudou o perfil da cidade para sempre. Obcecado pela teoria da janela quebrada, considerava crimes os pequenos atentados contra a qualidade de vida com os quais os habitantes da cidade já haviam se acostumado, a ponto de nem acharem se tratar de crimes.
Belo Horizonte, como se sabe, é cheia de janelas quebradas que deram no dedo que puxou o gatilho contra a atriz indefesa do Santa Lúcia. Somos uma cidade suja, de praças tomadas por mendigos e delinquentes, crianças perdidas em sinais junto a lavadores de para-brisa e desocupados cada dia mais ostensivos. Suas abordagens estão cada vez mais agressivas, bem em acordo com a ideia de que, sim, se essas janelas estão quebradas, é porque ninguém se importa. E ninguém esá no controle. 
E a prefeitura e a polícia parecem inertes.
Há dias, acompanhei o caso de um rapaz que roubou dois xampus e saiu em disparada. Foi preso e levado junto com a testemunha. Mas os pobres policiais que cumpriam seu dever e a testemunha, depois de esperarem três horas numa delegacia, foram enviados para outra, porque o delegado, certamente ansioso para encerrar seu expediente, alegou sem provas que os rapazes tinham indícios de maus tratos. Em outra delegacia, onde o delegado de plantão chegou depois das 21 horas, enredaram por um processo burocrático que se arrastou até por volta de meia noite.
Eram só dois xampus. O proprietário, a testemunha, os policias e certamente muita gente deve pensar, no atual estado de coisas, que não vale à pena brigar por tão pouco. Como a maioria da população, já tão acostumada com a dificuldade de entrar em garagens de noite, parece culpar Cecília Bizzoto pela bala que a matou. E assim, de justificativa em justificativa, vamos quebrando outras janelas.
* Com informações de O Ponto da Virada, de Malcolm Gladwell, e do Blog da Insegurança 

10.10.12

Quando Me Amei de Verdade




Quando me amei de verdade,
compreendi que em qualquer
circunstância, eu estava no lugar
certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome...
Auto-estima.

Quando me amei de verdade,
pude perceber que minha angústia,
meu sofrimento emocional, não passa
de um sinal de que estou indo
contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é...
Autenticidade.

Quando me amei de verdade,
parei de desejar que a minha vida
fosse diferente e comecei a ver que
tudo o que acontece contribui para
o meu crescimento.
Hoje chamo isso de...
Amadurecimento.

Quando me amei de verdade, 
comecei a perceber como é ofensivo 
tentar forçar alguma situação
 ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo,
 mesmo sabendo que não é o momento
 ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é...
Respeito.

Quando me amei de verdade
 comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável...
 Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo
. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... 
 Amor-próprio.

Quando me amei de verdade, 
deixei de temer o meu tempo livre
 e desisti de fazer grandes planos, abandonei
 os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, 
o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... 
Simplicidade.

Quando me amei de verdade, 
desisti de querer sempre ter razão e, 
com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a... 
Humildade.

Quando me amei de verdade, 
desisti de ficar revivendo o passado e
 de preocupar com o futuro. 
Agora, me mantenho no presente, 
que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. 
Isso é... 
Plenitude.

Quando me amei de verdade, 
percebi que minha mente pode me atormentar 
e me decepcionar.
Mas quando a coloco a serviço do meu coração, 
ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... 
Saber viver!!!


Charles Chaplin




5.10.12

Leonardo Boff - Espetacularização



Inhotim - Matozinhos-MG


A espetacularização e a ideologização do Judiciário
04/10/2012 ´- Por Leonardo Boff -

É com muita tristeza que escrevo este artigo no final da tarde desta quarta-feira, após acompanhar as falas dos ministros do Superemo Tribunal Federal. Para não me aborrecer com e-mails rancorosos vou logo dizendo que não estou defendendo a corrupção de políticos do PT e da base aliada, objeto da Ação Penal 470 sob julgamento no STF. Se malfeitos foram comprovados, eles merecem as penas cominadas pelo Código Penal. O rigor da lei se aplica a todos.

Outra coisa, entretanto, é a espetacularização do julgamento transmitido pela TV. Ai é ineludível a feira das vaidades e o vezo ideológico que perpassa a maioria dos discursos.

Desde A ideologia Alemã, de Marx/Engels (1846), até o Conhecimento e interesse, de J. Habermas (1968 e 1973), sabemos que por detrás de todo conhecimento e de toda prática humana age uma ideologia latente. Resumidamente, podemos dizer que a ideologia é o discurso do interesse. E todo conhecimento, mesmo o que pretende ser o mais objetivo possível, vem impregnado de interesses.

Pois, assim é a condição humana. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. E todo o ponto de vista é a vista de um ponto. Isso é inescapável. Cabe analisar política e eticamente o tipo de interesse, a quem beneficia e a que grupos serve e que projeto de Brasil tem em mente. Como entra o povo nisso tudo? Ele continua invisível e até desprezível?

A ideologia pertence ao mundo do escondido e do implícito. Mas há vários métodos que foram desenvolvidos, coisa que exercitei anos a fio com meus alunos de epistemologia em Petrópolis, para desmascarar a ideologia. O mais simples e direto é observar a adjetivação ou a qualificação que se aplica aos conceitos básicos do discurso, especialmente, das condenações.

Em alguns discursos, como os do ministro Celso de Mello, o ideológico é gritante, até no tom da voz utilizada. Cito apenas algumas qualificações ouvidas no plenário: o mensalão seria “um projeto ideológico-partidário de inspiração patrimonialista”, um “assalto criminoso à administração pública”, “uma quadrilha de ladrões de beira de estrada” e um “bando criminoso”. Tem-se a impressão de que as lideranças do PT e até ministros não faziam outra coisa que arquitetar roubos e aliciamento de deputados, em vez de se ocuparem com os problemas de um país tão complexo como o Brasil.

Qual o interesse, escondido por detrás de doutas argumentações jurídicas? Como já foi apontado por analistas renomados do calibre de Wanderley Guilherme dos Santos, revela-se aí certo preconceito contra políticos vindos do campo popular. Mais ainda: visa-se aniquilar toda a possível credibilidade do PT, como partido que vem de fora da tradição elitista de nossa política; procura-se indiretamente atingir seu líder carismático maior, Lula, sobrevivente da grande tribulação do povo brasileiro e o primeiro presidente operário, com uma inteligência assombrosa e habilidade política inegável.

A ideologia que perpassa os principais pronunciamentos dos ministros do STF parece eco da voz de outros, da grande imprensa empresarial que nunca aceitou que Lula chegasse ao Planalto. Seu destino e condenação é a Planície. No Planalto poderia penetrar como faxineiro e limpador dos banheiros. Mas nunca como presidente.

Ouvem-se no plenário ecos vindos da Casa Grande, que gostaria de manter a Senzala sempre submissa e silenciosa. Dificilmente, se tolera que através do PT os lascados e invisíveis começaram a discutir política e a sonhar com a reinvenção de um Brasil diferente. Tolera-se um pobre ignorante e mantido politicamente na ignorância. Tem-se verdadeiro pavor de um pobre que pensa e que fala. Pois, Lula e outros líderes populares ou convertidos à causa popular como João Pedro Stedile, começaram a falar e a implementar políticas sociais que permitiram uma Argentina inteira ser inserida na sociedade dos cidadãos.
Essa causa não pode estar sob juízo. Ela representa o sonho maior dos que foram sempre destituídos. A Justiça precisa tomar a sério esse anseio a preço de se desmoralizar, consagrando um status quo que nos faz passar internacionalmente vergonha. Justiça é sempre a justa medida, o equilíbrio entre o mais e o menos, a virtude que perpassa todas as virtudes (“a luminossísima estrela matutina” de Aristóteles). Estimo que o STF não conseguiu manter a justa medida. Ele deve honrar essa justiça-mor que encerra todas as virtudes da polis, da sociedade organizada. Então, sim, se fará justiça neste país.

* Leonardo Boff, teólogo e filósofo, é professor aposentado de ética da Uerj.