12.12.12

Uma Crônica a BH (115 Anos)

Pça da Liberdade - BH


Apaixonar-me por BH foi muito fácil. Os anos eram setenta e poucos, quando cheguei por aqui. Desconfiado mas feliz, dei início as minhas indas e vindas por suas ruas principais, em diagonal, que sempre cruzam com a majestosa Av. Afonso Pena que acaba lá por cima no sopé da  Serra do Curral, seu ícone maior. Sempre seguindo com destino ao trabalho, à escola, ao cinema, a algum "buteco",  ao teatro, à casa dos amigos ou da namorada.

Esta cidade que ali estava, pronta, me abriu os braços e me recebeu com amor; calma e cheia de gente com cara de outro lugar. Pois  sabemos que em BH, poucos são nascidos aqui, a maioria dos habitantes e trabalhadores são de outros lugares, como eu que sou do Ceará e por aqui vim passar umas férias e fiquei. Já se vão 37 anos.

A conheci muito leve, sem violência, trânsito fácil e ar respirável. Os sonhos me impulsionavam para as conquistas desse novo mundo chamado Belo Horizonte. Alguns realizei, outros se perderam; vieram outros e novamente os realizei. E a vida seguiu em frente. E me tornei cidadão e fiz história e digo que sou seu filho BH.

Me sinto parte integrante dessa festa dos 115 anos dessa moça, adolescente, que apesar de concretada, ainda exala ares de cheiro bom, cheiro de mato e de fazenda e mantém suas curvas de uma arquitetura que em algumas esquinas, nos traz a lembrança de seus primeiros passos.  Esquinas da rua da Bahia, rua Espírito Santo, bairro de Lourdes, Floresta, Savassi... enfim. Quem tem o olhar observador, percebe que ainda restam cantinhos de uma memória que não se apagará.

A ti BH, desejo mais cem anos com esse jeitão de menina e que suas esquinas sejam preservadas; e que as autoridades recuem e façam o caminho de volta a tornando mais verde e florida, sempre mais, pois o povo necessita. Boullevares, apenas não bastam, é preciso desconcretar e retomar o verde que sempre foi a sua identidade e nos fazia melhor respirar.

O seu Mercado Central, uma festa permanente, de coisas e gente; seu Mineirão e o Independência, agora renovados, e prontos para os grandes clássicos que sempre serão uma festa do seu, do nosso futebol vencedor: Galo, América e Cruzeiro. 

Seus bairros históricos: Santo Antonio, Floresta, Santa Teresa... Ah!Santa Teresa!  Das esquinas de Milton, Toninho, Wagner Tiso, Beto, Flávio, Tavito, Lô... de sua Praça, do "Bolão"... quantas noites ali encerradas com  cerveja bem gelada, "mexido" e "rochedão"... Ah BH! Moça da noite e das travessias da boemia, dos sobrados das belas serestas,  desde os bons tempos de JK.

Há também uma outra praça,  a sua praça, que mais diz de sua vocação, "praça da Liberdade",  agora renovada e transformada com seus prédios periféricos, transformados em centros de exposições, o que nos aponta um tempo novo e uma nova perspectiva à sua cultura e à sua história de novas vidas a serem construídas, novos sonhos e novas vitórias.  


Parabéns BH!


J. Carvalho








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