14.1.14

ABRAHAM LINCOLN

CARTA DE ABRAHAM LINCOLN PARA O PROFESSOR DE SEU FILHO.


"Caro professor, ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas por favor diga-lhe que, para cada vilão há um herói, para cada egoísta, há um líder dedicado.
Ensine-o, por favor, que para cada inimigo haverá também um amigo, ensine-o que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada.
Ensine-o a perder, mas também a saber gozar da vitória, afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso.
Faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros no céu, as flores no campo, os montes e os vales.
Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa, ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos.
Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros, ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.
Ensine-o a ouvir todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho. Ensine-o a rir quando estiver triste e explique-lhe que por vezes os homens também choram.
Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão.
Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço. Deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.
Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.
Eu sei que estou a pedir muito, mas veja o que pode fazer, caro professor.“

11.1.14

CORETO

(Pça da Liberdade-BH)

O que foi feito da vida
O que foi feito de de nós?
Do sonho de Albatroz
Das cantigas de dormir
Das cantigas de amigos
Das mãos dadas de ficar
Dos braços dados ao partir?

O que foi feito das bençãos
Do respeito aos pais e avós
Sob as nossas luas e estrêlas...
O amor verdadeiro e fraterno

O que foi feito da vida
O que foi feito de nós?

O que foi feito dos nossos gestos serenos
Dos desejos sinceros da moral e da verdade
O que foi feito da espontaneidade das crianças
Dos flertes carinhosos dos adolescentes
Seus sonhos de construção de vida

De um tempo que não volta mais?
O que foi feito da vida
O que foi feito de nós?



J. Carvalho

9.1.14

A Colheita



Eu quero a colheita dos sábios e também das ruas
A colheita dos sonhos e das palavras
A colheita da oralidade espontânea
A colheita do que se expõe e sem medo se desnuda 

Eu quero a colheita serena e versada  de Drumond
A colheita jocosa e humorada de Quintana
A colheita "louca" e profunda de Adélia
A colheita elegante e irreverente de Nélida Piñon

Eu quero a colheita proseada de Machado
A colheita dialética de Guimarães Rosa
A colheita baiana de Jorge Amado e João Ubaldo
A colheita do cordel  do Assaré de Patativa 

Eu quero a colheita sensível dos versos de Cora 
A colheita enigmática de Ariano Suassuna
A colheita elegante e estética de Lia Luft
A colheita saborosa e bem humorada de Sabino

Por fim eu quero a colheita dos sábios trovadores
A colheita dos repentistas, dos enredos dos sambistas e oradores
A colheita dos letristas e cantores
A colheita de todos que cantam  o imponderável da plenitude da vida.


J. Carvalho



8.1.14

AQUARELA DAS IDADES ( Albert Camus)



Envelhecer é o único meio de viver muito tempo.
A idade madura é aquela na qual ainda se é jovem, 
porém com muito mais esforço.

O que mais me atormenta em relação às tolices de minha juventude, não é havê-las cometido... 

É sim não poder voltar a cometê-las.

Envelhecer é passar da paixão para a compaixão.
Muitas pessoas não chegam aos oitenta porque perdem muito tempo tentando ficar nos quarenta.
Aos vinte anos reina o desejo, aos trinta reina a razão, 
aos quarenta o juízo.

O que não é belo aos vinte, forte aos trinta, rico aos quarenta,
nem sábio aos cinquenta, nunca será nem belo,
nem forte, nem rico, nem sábio...
Quando se passa dos sessenta são poucas as coisas 
que nos parecem absurdas.

Os jovens pensam que os velhos são bobos;
os velhos sabem que os jovens o são.
A maturidade do homem é voltar a encontrar a serenidade como aquela que se usufruía quando se era menino.
Nada passa mais depressa que os anos.

Quando era jovem dizia: 
“verás quando tiver cinquenta anos”.
Tenho cinquenta anos e não estou vendo nada.
Nos olhos dos jovens arde a chama, nos olhos dos velhos brilha a luz.
A iniciativa da juventude vale tanto quanto a experiência dos velhos.
Sempre há um menino em todos os homens.

A cada idade lhe cai bem uma conduta diferente.
Os jovens andam em grupo, os adultos em pares
e os velhos andam sós.
Feliz é quem foi jovem em sua juventude 
e feliz é quem foi sábio em sua velhice.
todos desejamos chegar à velhice 
e todos negamos que tenhamos chegado.

NÃO ENTENDO ISSO DOS ANOS: 
QUE, TODAVIA, É BOM VIVÊ-LOS, NÃO TÊ-LOS.