14.12.17

BH TRISTE HORIZONTE - CDA


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POR QUE DRUMOND, CHAMOU BH de TRISTE HORIZONTE!

Serra do Curral vista do lado onde parece intacta

Por Maria Cristina Bahia Vidigal

Plagiando Gabriel Garcia Marquez – não sei se foi exatamente assim que aconteceu, mas é assim que eu me lembro do episódio do qual fui protagonista e que narro a seguir, a pedido da minha amiga Maya, contemporânea deste e de outros acontecimentos.

Em 1976, a ditadura militar imperava, as mudanças aceleradas sequer eram imaginadas e Belo Horizonte restava provinciana. Eu começava carreira no Estado de Minas. Domingo de sol, resolvemos, um pequeno grupo e duas companheiras da raça pastor alemão, subir a Serra do Curral, aventura cultivada desde os tempos do Colégio Estadual Central. A Serra ainda era nítida no horizonte ao sul da capital pacata; a trilha de subida permanecia marcada, denotando a presença intrépida de aventureiros recentes. Começamos a subida bem cedo, com as adversidades previsíveis – pedras, insetos, arbustos, mato.

Quase ao topo, talvez uma hora depois, um segurança(ou dois?) armado nos deu uma espécie de “alto lá”. Como assim, cara pálida, diria o meu amigo Airton Ribeiro, se lá estivesse, por que não podemos subir? “Isso aqui é da MBR, vocês estão invadindo propriedade privada”. O senhor está enganado, a Serra do Curral é da cidade, sempre subimos e descemos quando assim entendemos, foi o que retrucamos. “Pois agora não sobem mais”, decretou o segurança fardado de azul, que a minha memória reputa como um brutamontes.

Veja o que a mineração fez do lado de trás da Serra
Descemos, vencidos – afinal, os tempos eram duros e Milton Campos já tinha ensinado que, nas ditaduras, o pior é o guarda da esquina. Mas não totalmente vencidos. Indignada, fui para a redação do jornal e fiz a matéria, publicada com destaque no dia seguinte. Com uma carta, a matéria publicada foi enviada para o mineiro Carlos Drummond de Andrade, radicado no Rio.

Aí veio a bomba – alguns dias depois, o poeta fez um protesto violento em versos lindos e duros. Baseado nos fatos narrados na matéria, despedia-se de Belo Horizonte: “Não quero mais, não quero ver-te, meu triste horizonte e destroçado amor”. O adeus atormentado do poeta colocou em polvorosa políticos, autoridades e empresários; durante muito tempo, batemos com força na mineradora e na sua arrogância.

Ao fim e a cabo, nada mudou – a Serra continuou interditada e acabou destruída, comida pelas escavadeiras sedentas por minério. Foi-se a Serra, a empresa também desapareceu, engolida por uma outra, gigante.

O poeta escreveu o poema e nunca mais pôs os pés em BH
Ficou para sempre o lamento do poeta no poema Triste Horizonte:
“Por que não vais a Belo Horizonte? a saudade cicia e continua, branda: Volta lá.
Tudo é belo e cantante na coleção de perfumes das avenidas que levam ao amor, nos espelhos de luz e penumbra onde se projetam os puros jogos de viver. Anda! Volta lá, volta já.
E eu respondo, carrancudo: Não.

Não voltarei para ver o que não merece ser visto, o que merece ser esquecido, se revogado não pode ser.

Não o passado cor-de-cores fantásticas, Belo Horizonte sorrindo púber e núbil sensual sem malícia, lugar de ler os clássicos e amar as artes novas, lugar muito especial pela graça do clima e pelo gosto, que não tem preço, de falar mal do Governo no lendário Bar do Ponto.

Cidade aberta aos estudantes do mundo inteiro, inclusive Alagoas, “maravilha de milhares de brilhos vidrilhos” mariodeandrademente celebrada.

Não, Mário, Belo Horizonte não era uma tolice como as outras. Era uma provinciana saudável, de carnes leves pesseguíneas. Era um remanso, era um remansopara fugir às partes agitadas do Brasil, sorrindo do Rio de Janeiro e de São Paulo: tão prafrentex, as duas! e nós lá: macio-amesendados na calma e na verde brisa irônica…

Esquecer, quero esquecer é a brutal Belo Horizonte que se empavona sobre o corpo crucificado da primeira. Quero não saber da traição de seus santos. Eles a protegiam, agora protegem-se a si mesmos. São José, no centro mesmo da cidade, explora estacionamento de automóveis. São José dendroclasta não deixa de pé sequer um pé-de-pau onde amarrar o burrinho numa parada no caminho do Egito. São José vai entrar feio no comércio de imóveis, vendendo seus jardins reservados a Deus. São Pedro instala supermercado. Nossa Senhora das Dores, amizade da gente na Floresta, (vi crescer sua igreja à sombra do Padre Artur) abre caderneta de poupança, lojas de acessórios para carros, papelaria, aviário, pães-de-queijo.

Terão endoidecido esses meus santos e a dolorida mãe de Deus? Ou foi em nome deles que pastores deixam de pastorear para faturar? Não escutem a voz de Jeremias (e é o Senhor que fala por sua boca de vergasta): “Eu vos introduzi numa terra fértil, e depois de lá entrardes a profanastes. Ai dos pastores que perdem e despedaçam o rebanho da minha pastagem! Eis que os visitarei para castigar a esperteza de seus desígnios”.

Fujo da ignóbil visão de tendas obstruindo as alamedas do Senhor. Tento fugir da própria cidade, reconfortar-me em seu austero píncaro serrano. De lá verei uma longínqua, purificada Belo Horizonte sem escutar o rumor dos negócios abafando a litania dos fieis. Lá o imenso azul desenha ainda as mensagens de esperança nos homens pacificados – os doces mineiros que teimam em existir no caos e no tráfico. Em vão tento a escalada. Cassetetes e revólveres me barram a subida que era alegria dominical de minha gente. Proibido escalar.

Proibido sentir o ar de liberdade destes cimos, proibido viver a selvagem intimidade destas pedras que se vão desfazendo em forma de dinheiro. Esta serra tem dono. Não mais a natureza a governa. Desfaz-se, com o minério, uma antiga aliança, um rito da cidade. Desiste ou leva bala. Encurralados todos, a Serra do Curral, os moradores cá embaixo.

Jeremias me avisa: “Foi assolada toda a serra; de improviso derrubaram minhas tendas, abateram meus pavilhões. Vi os montes, e eis que tremiam. E todos os outeiros estremeciam. Olhei terra, e eis que estava vazia, sem nada nada nada”.

Sossega minha saudade. Não me cicies outra vez o impróprio convite. Não quero mais, não quero ver-te, meu Triste Horizonte e destroçado amor”.

Maria Cristina Bahia Vidigal é jornalista e Relações Públicas, com especialização em gestão e planejamento de Comunicação

1.12.17

Maturidade Espiritual


Que NESTE NATAL 

despertemos para a grandeza
da Maturidade Espiritual!
Feliz Natal!
Que estejamos
em paz com o aniversariante
em paz conosco
em paz com a família
em paz com os amigos
tolerante com os contrários
em paz com a vida!

J.Carvalho




19.9.17

RÉSTIA DE ESPERANÇA





Mergulhados  estamos na nuvem escura da crise política brasileira, interminável crise, que se arrasta e que tem suas origens na escassez de caráter dos homens públicos, no escracho  que imprime descrédito ao status da vida econômica e política do falido protecionista e corrupto estado nacional. Impera o desrespeito às leis, às instituições, aos bons costumes;  vivenciamos a falta de limites aos supremos da ordem e da justiça. Inertes sob o império da desfaçatez e da mentira; quebram-se os elos de confiança nas instituições e o que nos resta é contemplar atônitos um circo de horrores que deixariam vermelhos os mais anarquistas dos pensadores.

Que horizonte mirar e projetar para o amanhã da nação brasileira? Vivemos uma crise de lideranças em grau estarrecedor, com todos que ascenderam aos cargos maiores da política nacional: presidência da república, câmara e senado, todos maculados, indiciados por envolvimentos em corrupção e desvios de dinheiro público em volumes jamais visto em nossa história antiga e contemporânea. E o pior, não miramos nenhuma reserva moral para nossos pleitos eleitorias futuros. Os atuais senhores do poder e os seus antecessores, nestes últimos 14 anos, ou uma década e meia, todos mergulhados num circo de horrores e sem o menor sinal de luz no fim do túnel que se apresente uma solução às centenas de processos de desvios de toda ordem, com impactos negativos nas instituições supremas que os julgam. Caminhamos para o fechamento de mais um ciclo sem qualquer perspectivas de salvação, mais uma década perdida.

O povo diante de todos os escândalos, continua passivamente a acompanhar pela mídia, que perdida e tendenciosa, relata por sua ótica opaca e anestesiada pelos interesses diversos, passando-nos diariamente suas visões sobre os fatos muitas vezes distorcidas e com equívocos de toda ordem; muitas desacreditadas.

Logo estaremos em 2018 com o desafio de votar em políticos que não acreditamos e ao mesmo tempo sonhando que se apresentassem boas escolhas, o que não teremos. O desafio está lançado e vem a pergunta: o que fazer? Anular nosso voto e dar um atestado de revolta com a classe politica jamais visto na história republicana? Seria um manifesto de peso e inédito, creio.

Bem, temos à nossa disposição as redes sociais como instrumentos e meios de convocações que são fortes e determinantes nessas horas de decisões. Meditemos e avancemos em ideias para que logo mais adiante possamos, cientes  de nosso poder de compartilhamentos, cada um de nós influenciarmos para o bem de nosso futuro como nação.

Que Réstia de Esperança nos alentará? 

J.Carvalho

29.8.17

PAI NOSSO




Pai Nosso
que estás em todos os lugares
na natureza plena
nas flores, campos, rios e mares
nos cantos dos pássaros
nos movimentos dos animais
nos corações a pulsar dos humanos
no silêncio e calmarias das noites
e na alegria do sol nascente de todas as manhãs
Pai Nosso
que estás a velar com compaixão
e misericórdia aos que sofrem
aos desvalidos e desprovidos...
Pai nosso
que estás na caridade
nos gestos sublimes de amor
na grandeza infinita do perdão...
Pai nosso
que habita em mim
que habita naquele que me desrespeita
que habita naquele que busca a verdade
e que por ela lutará obstinamente por toda a vida
Pai nosso
que estás naquele e naquela  que caminha ao meu lado
que acolhe aqueles que partiram
deixando eternas saudades
santificado seja o Teu nome
por tudo que é justo e pleno na grandeza  do bem
Pai nosso
Sejas santificado por nossas vidas
pelas oportunidades infinitas
que me fazem o que sou e tenho
e me faz conduzir sereno em busca da perfeição
Pai nosso
Que venha até nós o Teu Reino de justiça, fé e caridade
Reino que sou convocado a construir
através da mansidão de espírito
caridade, luz e amor
que seja feita a Tua vontade
ainda que minhas rogativas prezem mais o meu orgulho
e as minhas fraquezas e reais necessidades
ainda que não compreenda mais que o silêncio em respostas as minhas preces
não te ouvindo assim dizer: filho aguarda, tua é toda a eternidade...

O Pão Nosso de cada dia me dá hoje
e que eu possa dividi-lo com meu irmão
por todo bem material que ora tenho
de nada servem se não me lembro de quem vive na aflição
pão do corpo, pão da alma, pão que é vida, verdade e luz
pão que vem trazendo alento e alegria
é o Evangelho de Jesus
perdoa minhas ofensas, meus erros e minhas faltas
perdoa quando se torna frio o meu coração
quando permito que o mal se exteriorize na forma de agressão
que mais que falar eu saiba ouvir
que ao invés de julgar eu busque acolher
que não cultivando a violência eu semei a paz
que dizendo não as exigências em demasias
eu possa a todos agradecer
perdoa-me,  assim como eu posa perdoar aqueles que me ofederem
mesmo quando o meu coração esteja ferido pelos dissabores da ingratidão,
possa eu Senhor da vida,  lembrar que nenhuma mágoa é eterna
e de que o único caminho que me torna sublime
é a humilde estrada da reconciliação;
não me deixes cair nas tentações dos erros, vícios e egoismo
que me tornam escravo da minha malevolência,
antes que tua luz esteja sobre mim iluminando-me para que eu te encontre
dentro de minh`alma como parte que és de minha essência
e livra de todo o mal, de toda a violência, de todo infortúnio, de toda enfermidade,
livra-me de toda dor,  de toda a mágoa e de toda desilusão,
mas ainda assim quando tais dificuldades se fizerem necessárias
que eu tenha força e coragem de dizer
obrigado Pai por mais esta lição.



16.8.17

Hábitos



Nos acostumamos
a morar nos fundos
sem vista e entrada do sol
aí não abrimos janelas
aí acendemos as luzes mais cedo
Nos aocstumamos com vazio do bolso
com o vazio da alma
com o ar poluido
com o silêncio roubado
com a ausência do cantar dos pássaros
Nos acostumamos
com o deitar mais tarde
com o despertar de sobressalto
com a alimentação apressada
mal equilibrada e engolida as pressas
Nos acostumamos
a pagar por tudo e pouco receber
com a poluição do ar condicionado
com a poluição das ruas
nos acostumamos a não compreender
Nos acostumamos
com a morte e o odor peçonhento dos rios
com as bactérias na água potável
com a indiferença dos poderosos
com a ignorância dos fracos
Nos acostumamos
a não mais comer frutas no pé
a não mais curtir a doçura dos idosos
a ingenuidade e beleza das crianças
nos acostumamos talvez para não sofrer
Nos acostumamos
a não ter se quer um livro pra ler
a não ter uma planta para aguar
a distãncia dos filhos e netos
acostumamos às filas e aos maus jeitos
Nos acostumamos
por ter sono atrasado, contas atrasadas
atrasadas políticas e poderosos safos
nos acostumamos às feridas
a poupar a vida que se gasta de tanto nos acostumar
J.Carvalho

15.8.17

Caminhos

Caminhos
da ida
da volta
caminhos do trabalho
caminhos da escola
caminhos inesquecíveis
caminhos desprezíveis
caminhos retos,
caminhos tortuosos
caminhos de Deus
caminhos outros sem
caminhos obrigados
caminhos do amem
caminhos simplesmente guias
que todos os dias temos que trilhar
na rotina sustentável da plenitude vida.
J.Carvalho

9.8.17

Do Vazio de Agora



Do vazio de agora
nos resta um raio de luz
na manhã do coração de quem ama
no galope de quem luta
na crença dos resignados

Do Vazio de Agora
nos resta a certeza de um poeta
nos versos das vias concretas
que orientarão o despertar da escuridão
no cerne desta trama de injustiça e desilusão.

J.Carvalho








28.7.17

Onde Voce Estava Quando o Mundo Ruiu?

Eu por aqui pelas Gerais sob as bençãos do Pai. E você por onde andavas? Você que só faz a leitura sublinhando apenas o que afirmo e bate direto no underground politico do presente e do passado dos desgovernos que nos atropelam e maltratam e ainda advogam alegando defesa da democracia. Ora, o nosso país nunca teve brilhantes gestões por escassez de homens probos na administração pública, raros diria, sempre com arranjos maculosos para usurpar o bem maior dos recursos da nação, sejam bens de qualquer origem, naturais e/ou financeiros. Após 20 anos de uma perversa Ditadura, teve sim administradores cuja presidência caíram nos seus colos e outros derivados disso, exemplo de José SARNEY, ITAMAR Franco e FHC-Fernando Henrique Cardoso que foi seu Ministro da Fazenda, todos frágeis, mas este último resolveu graves crises politicas e econômicas...
Veio a era LULA, que nos deu a impressão que iríamos aos Jardins do EDEN, puro engano, decolou num voo célere e aterrissou no limbo igual ou pior a outros anteriores. Se mostrou frágil e se deixou contaminar pela Mosca Azul e com o Lodo que voce conhece bem. Pior foi doar todos os seus créditos políticos, seu maior erro reconhecido até por seu grande amigo e conselheiro Frei Beto que muito admiro; Leia o artigo "NÓS ERRAMOS", veja um pequeno trecho: "Fomos contaminados pela direita. Aceitamos a adulação de seus empresários; usufruímos de suas mordomias; fizemos do poder um trampolim para a ascensão social. Trocamos um projeto de Brasil por um projeto de poder. Ganhar eleições se tornou mais importante que promover mudanças através da mobilização dos movimentos sociais. Iludidos, acatamos uma concepção burguesa de Estado, como se ele não pudesse ser uma ferramenta em mãos das forças populares, e merecesse sempre ser aparelhado pela elite. Agora chegou a fatura dos erros cometidos. Nas ruas do país, a reação ao golpe não teve força para evitá-lo".
- Acreditar que O PT poderia entregar a administração de um país complexo pra neófita política Dilma Rousseff sem preparo, sem jogo de cintura, sem ter passado ao menos pela experiência de ter sido eleita vereadora de algum município deste imenso e complexo país, para pegar algum traquejo que exije o jogo perverso da política. Entregou-lhe a faixa o Criador, conseguiu se arrastar por 3 anos e meio já na metade do último já não respirava, mas ainda metade do leitorado apostou na força Política do Lula, mesmo sabendo do Mensalão e de fatos de odores peçonhentos que ainda viriam a baila com a Lavajato sob a sua assinatura e da "criatura" Dilma; elegeram a neófita para um segundo mandato.
Ela assumiu e foi o desastre que todos nós ainda amargamos em 2017 e chegará a 2018; por equivocos da imaturidade politica e da irresponsabilidade de seu criador e do seu partido que nem mesmo comungava com ela, entenderam que poderiam governar dando as costas para o congresso e chamando para arena os velhos grupos de ratos velhacos do PMDB que os derrubaram e que mesmo assim poderiam chegar em 2018 pra passar o bastão ao "criador". Taí a obra para horror de todos nós brasileiros, não adianta apenas comparar se a gang das denúncias que tanto evidencia o SERGIO MACHADO delator, o Cearense forte do PMDB e ex-diretor da TRANSPETRO, em prisão domiciliar nas mansões sobre as Dunas no paraíso de Fortaleza que diz saber de toda a grande trama do "Golpe" e que tudo gravava dos "amigos" nas reuniões sigilosas para este fim já presentindo que precisaria amenizar sua pena com delações premiadas que não tardaria; já contou tudo aos juizes e promotores na Lavajato. A exemplo desse vem BUMLAI, os irmãos da JBS, OAS, ODEBRECHT, Sérgio Cabral no Rio de Janeiro... enfim; mais atrás tem DUDA MENDONÇA, tem DANIEL DANTAS e suas tramas até hoje mal contadas nas grandes negociatas sob a batuta do seu banco OPORTUNITTY e outros que muitos afirmam quem foram seus beneficiarios dos grandes volumes nas trasações com as Teles... todos tramando e trabalhando contra o bem e a paz da nação brasileira.
Um dia nos revelarão os grandes segredos desse redomoinho insano que nos devora e apavora a todos, nos apequenando e nos ridicularizando, sejamos ricos ou pobres, sonhadores ou céticos, esquerda, centro ou direita, devoram-nos a todos!
Frei Beto - certa vez afirmou em palestra, não me lembro bem, ou se em postagens de amigos no face que nos ensinou o seguinte: "Nossa geração lutou tanto por liberdade, dignidade, contra uma ditadura cruel, que quando chegamos lá, em 2003, imaginamos que essas conquistas viriam dentro do nosso tempo histórico; " hoje sei que não vou fazer parte da colheita, mas não abro mão de morrer semente..."
J.Carvalho

Dieta por CDA




- Carlos Drummond de Andrade, no livro “Poesia errante”. Rio de Janeiro: Record, 1988
.

22.7.17

Verve Feliniana

Adormeci ainda na verve Feliniana,
aceitando que se quisermos
compreender a vida
temos que nos dedicar
ao silêncio

J. Carvalho


Verve Quintaniana

Despertei sob a verve
Quintaniana,
não me irritarei
por mais que me fizer
coração alheio
farei disso sutilmente
o meio recreio

J.Carvalho


21.7.17

Verve Chapliniana

Despertei
sob a verve chapliniana
ciente da impermanência
de tudo neste mundo cruel

J.Carvalho


20.7.17

Verve Suassuniana

Noite passada
adormeci sob a verve
Suassuniana:
nem tanto otimista tolo
nem pessimista chato
apenas um esperançoso
pragmático

J.Carvalho



18.7.17

Verve Pessoniana

Hoje despertei sob a verve
Pessoaniana
só que não mentirei completamente
nem fingirei nenhuma dor
direi tudo desbragadamente
o que devia
e até o que não.

J.Carvalho




AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
Fernando Pessoa

Verve Drumondiana

Hoje acordei
sob a verve
Drumondiana
só que chutei
todas as pedras
que vi pelo caminho.

J.Carvalho


No Meio do Caminho



No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra

Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra


Carlos Drumond de Andrade



14.7.17

Espero




Espero
não me apresso
guardo o zelo à paciência

Espero na ciência ao apreço
ao tempo que nos pedes
pois há a leveza no acontecimento

Espero
não desespero e canto no meu silêncio
a canção do amor que há tempos pra ti guardei

Pois sempre acontece o tempo certo
como nas notas de um conserto harmônico de vida
que por dias e anos preparei

J.Carvalho 

11.7.17

Súplica





E se tiveres hoje
que pedir ao PAI
peça respeito aos direitos
Peça amor
e sobretudo peça
o gozo da paz!

J.Carvalho

5.7.17

Angústias e Boleros



Navego em silhuetas azuis
levezas de ondas do amor 
a fuga atroz de um lugar
enquanto espero
angústia  viva,
sombras e boleros

Navego por oceanos distantes
sinto fundamentais os sentimentos
preparo âncoras de beijos
em inesquecíveis momentos

acomodam-se paixões
que nos arrebatam a cada instante
semblantes de vida em resgates
em flashs felizes, sorrisos e orações
há sinais de alegria que permanecem
ícones de amores que em si restabelecem.


J. Carvalho









3.7.17

Ai quem Me Dera







Ai, quem me dera terminasse a espera
Retornasse o canto simples e sem fim
E ouvindo o canto se chorasse tanto
Que do mundo o pranto se estancasse enfim
Ai, quem me dera ver morrrer a fera
Ver nascer o anjo, ver brotar a flor
Ai, quem me dera uma manhã feliz
Ai, quem me dera uma estação de amor
Ah, se as pessoas se tornassem boas
E cantassem loas e tivessem paz
E pelas ruas se abraçassem nuas
E duas a duas fossem casais
Ai, quem me dera ao som de madrigais
Ver todo mundo para sempre afim
E a liberdade nunca ser demais
E não haver mais solidão ruim
Ai, quem me dera ouvir o nunca-mais
Dizer que a vida vai ser sempre assim
E, finda a espera, ouvir na primavera
Alguém chamar por mim

Vinícius de Morais

5.6.17

Amanhã




Adiamento



Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir...

31.5.17

SANGRA



Sangra em tuas veias abertas oh!
Meu país
Sangra de humilhação
Transgressão e desprezo
Sangra de ódio, na escuridão da falta de perspectiva
Sangra de medo!
Sangra e sugam os marginais,
Toda a tua seiva
Bebem da tua fartura
Estupram tuas carnes e entranhas
Te dilaceram, desidratam e menosprezam
Te abandonam, te condenam ao fracasso

Sangra no horror do escárnio
Sangra no teu amor maculado
Sangra e te abandonam na sarjeta dos degredados
Sangra e teu sangue serve às grafias impressas
São takes nas imagens dos programas e jornais
Sangra nos descasos dos facciosos congressos
Nas manipulações judiciais
Sangra  por escassez de lideranças e triunfo das nulidades
Sangra por vias diretas e no viés das marginais
Sangra ao contemplar o êxito de tantas iniquidades.
J. Carvalho 




23.5.17

Tão Vís!

Por que
Serem tão vís
Maculados
Desonestos
Desprovidos de Caráter
Os seus
Poderes
Oh! Meu País?!

8.5.17

MÃE por CDA




Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade

24.3.17

ODE AOS SENTIMENTOS




Os Sentimentos Humanos certo dia se reuniram para brincar. Depois que o Tédio bocejou três vezes porque a Indecisão não chegava a conclusão nenhuma e a Desconfiança estava tomando conta, a Loucura propôs que brincassem de esconde-esconde. A Curiosidade quis saber todos os detalhes do jogo, e a Intriga começou a cochichar com os outros que certamente alguém ali iria trapacear.

O Entusiasmo saltou de contentamento e convenceu a Dúvida e Apatia, ainda sentadas num canto, a entrarem no jogo. A Verdade achou que isso de esconder não estava com nada, a Arrogância fez cara de desdém pois a idéia não tinha sido dela, e o Medo preferiu não se arriscar: “Ah, gente, vamos deixar tudo como esta”, e como sempre perder a oportunidade de ser feliz.

A primeira a se esconder foi a Preguiça, deixando-se cair no chão atrás de uma pedra, ali mesmo onde estava. O Otimismo escondeu-se no arco-íris, e a Inveja se ocultou junto a Hipocrisia, que sorrindo fingidamente atrás de uma arvore estava odiando tudo aquilo.

A Generosidade quase não conseguia se esconder porque era grande, e ainda queria abrigar meio mundo, a Culpa ficou paralisada pois já estava mais do que escondida em si mesma, a Sensualidade se estendeu ao sol num lugar bonito e secreto para saborear o que a vida lhe oferecia, porque não era nem boba nem frígida; o Egoísmo achou um lugar perfeito onde não cabia ninguém mais.

A Mentira disse para Inocência que ia se esconder no fundo do oceano, onde a inocente acabou afogada, a Paixão meteu-se na cratera de um vulcão ativo, e o Esquecimento já nem sabia o que estava fazendo ali.

Depois de contar 99 a Loucura começou a procurar.
Achou um, achou outro, mas ao remexer num arbusto espesso ouviu um gemido: era o Amor, com os olhos furados pelos espinhos.

A loucura o tomou pelo braço e seguiu com ele, espalhando beleza pelo mundo. Desde então o Amor é cego e a Loucura o acompanha.
Juntos fazem a vida valer a pena.

Lya Luft

21.3.17

Carlos Drummond de Andrade por ele mesmo (Poemas)





ESCUTE DRUMOND POR ELE MESMO NESTE DIA INTERNACIONAL DA POESIA.


História:
O Dia Mundial da Poesia celebra-se todos os anos a 21 de março.
A data foi criada na 30ª Conferência Geral da UNESCO a 16 de novembro de 1999.
Este Dia Mundial da Poesia celebra a diversidade do diálogo, a livre criação de ideias através das palavras, da criatividade e da inovação. A data visa fazer uma reflexão sobre o poder da linguagem e do desenvolvimento das habilidades criativas de cada pessoa. Neste dia realizam-se várias atividades pelo país, sobretudo nas escolas, bibliotecas e espaços culturais.
A poesia contribui para a diversidade criativa, usando as palavras e os nossos modos de perceção e de compreensão do mundo.
Poesia em Portugal
A história portuguesa apresenta muitos poetas cuja obra literária é mundialmente conhecida. Luís de Camões, Fernando Pessoa, António Nobre, Florbela Espanca, José Régio, Natália Correia, Eugénio de Andrade, Cesário Verde, Miguel Torga, Sophia de Mello Breyner Andersen, são alguns dos poetas portugueses mais conhecidos.

Sugestões de atividades: No Dia Mundial da Poesia pode:
.escrever um poema sobre o que sente
.escrever poemas com os amigos
.declamar poemas
.reler os poetas e os poemas preferidos
.colocar poemas em música
.assistir a encontros de poetas
.assistir a filmes sobre poetas
.dizer às pessoas o que sente por elas
.fazer de cada gesto um poema

A 21 de março celebra-se também o Dia Mundial da Árvore. Pode construir uma árvore com folhas de poemas, por exemplo. Ou escrever um poema sobre uma árvore
.
J.Carvalho

Paulo Autran - Poemas (Poesia Declamada)





16.3.17

MUCURIPE -Roberto Carlos, Fagner



UM MOMENTO SUBLIME

A Riqueza dialética da letra,
A harmonia e as vozes de Roberto e Fagner
fazem desta composição a obra prima de sua carreira.
Segundo o autor,  ela teria sido feita para Roberto Carlos gravar.

J.Carvlaho

13.3.17

Vander Lee - Do Brasil



Inspirado nessa bela canção denúncia de Vander Lee  "Do Brasil", fiz este poema que serve como homenagem ao meu ídolo e amigo que se foi tão precocemente.


PAÍS dos ABSURDOS
No país das Ignomínias
das tramas, máculas, desperdícios,
um país de homens sem juízo
dos horrores, dos favores vís
do contraditório e do imoral
No país da fartura
dos paradóxos
país dos vícios
dos agrotóxicos
das contaminações contínuas
País de muitos planos e leis
que não se efetivam
sem vigília pouco se aplicam
que retardam avanços
nas cidades e campos
País dos projetos insanos
que não aponta caminhos
só destroem os ninhos
que poderiam garantir
o meu, o teu, o nosso futuro.
País dos Absurdos!
J. Carvalho

6.3.17








Se eu conversasse com Deus
Iria lhe perguntar:
Por que é que sofremos tanto
Quando viemos pra cá?
Que dívida é essa
Que a gente tem que morrer pra pagar?
Perguntaria também
Como é que ele é feito
Que não dorme, que não come
E assim vive satisfeito.
Por que foi que ele não fez
A gente do mesmo jeito?
Por que existem uns felizes
E outros que sofrem tanto?
Nascemos do mesmo jeito,
Moramos no mesmo canto.
Quem foi temperar o choro
E acabou salgando o pranto?”



(Leandro Gomes de Barros, poeta paraibano)

24.2.17

ONDE VOCE ESTAVA QUANDO TUDO ACABOU?


Eu por aqui nos campos e serrados das Gerais sob as bençãos do Pai. E você por onde andavas? Você que só faz a leitura sublinhando apenas o que afirmo e bate direto no underground politico do presente e do passado dos desgovernos que nos atropelam e maltratam e ainda advogam alegando defesa da democracia?...

Ora, o nosso país nunca teve grandes administrações por escassez claras de homens probos na administração pública, raros diria, sempre com arranjos maculosos para usurpar o bem maior dos recursos da nação, sejam naturais e/ou financeiro, após 20 anos de uma perversa Ditadura. Teve sim administradores cuja presidência caíram nos seus colos e outros derivados disso, exemplo de SARNEY, ITAMAR FRANCO e FHC que foi seu Ministro da Fazenda, todos frágeis, mas que resolveram graves crises politicas e econômicas...

Veio a era LULA, que nos deu a impressão que iriamos ao JARDIM do EDEN, puro engano decolou num voo célere e aterrisou no limbo igual ou pior a outros anteriores. Se mostrou frágil e se deixou contaminar com o A MOSCA AZUL DO PODER, e com o LODO que vc conhece bem. Pior foi doar todos os seus créditos políticos, seu maior erro reconhecido até por seu grande amigo e conselheiro FREI BETO que muito admiro; Leia o artigo "NÓS ERRAMOS", veja um pequeno trecho:

"Fomos contaminados pela direita. Aceitamos a adulação de seus empresários; usufruímos de suas mordomias; fizemos do poder um trampolim para a ascensão social. Trocamos um projeto de Brasil por um projeto de poder. Ganhar eleições se tornou mais importante que promover mudanças através da mobilização dos movimentos sociais. Iludidos, acatamos uma concepção burguesa de Estado, como se ele não pudesse ser uma ferramenta em mãos das forças populares, e merecesse sempre ser aparelhado pela elite. Agora chegou a fatura dos erros cometidos. Nas ruas do país, a reação ao golpe não teve força para evitá-lo".

- Acreditar que O PT poderia entregar a administração de um país complexo pra neófita política Dilma Rousseff sem preparo, sem jogo de cintura, sem ter passado ao menos pela experiência de ter sido eleita vereadora de algum município deste imenso e complexo país, para pegar algum traquejo que exije o jogo perverso da política. Entregou-lhe a faixa o Criador, conseguiu se arrastar por 3 anos e meio já na metade do último já não respirava, mas ainda metade do leitorado apostou na força Política do Lula, mesmo sabendo do Mensalão e de fatos de odores peçonhentos que ainda viriam a baila com a Lavajato sob a sua assinatura e da senhora Dilma;

Ela assumiu o segundo mandato e foi o desastre que todos nós estamos amargando por equivocos da imaturidade politica e da irresponsabilidade de seu criador e do seu partido que nem mesmo comungava com ela, entenderam que poderiam governar dando as costas para o congresso e chamando para arena os velhos ratos PMDBistas que os derrubaram e que chegaria em 2018 pra passar o bastão ao criador. Taí a obra para horror de todos nós brasileiros, não adianta apenas comparar se a gang das denúncias que tanto evidencia o SERGIO MACHADO delator, o Cearense forte do PMDB e ex-diretor da TRANSPETRO, o homem das mansões sobre as Dunas no paraíso de Fortaleza que diz saber de tudo e gravava os "amigos" nas reuniões da grande trama nacional já presentindo que precisaria amenizar sua pena com delações premiadas que não tardaria; já contou tudo na Lavajato. A exemplo desse vem BUMLAI, os irmãos da JBS, OAS, ODEBRECHT, |Sérgio Cabral no Rio de Janeiro, mais atrás tem DUDA MENDONÇA, Tem DANIEL DANTAS e suas tramas até hoje mal contadas nas grandes negociatas sob a batuta do seu banco OPORTUNITTY e outros que muitos afirmam quem foram seus beneficiarios dos grandes volumes nas trasações com as Teles,enfim, todos tramando e trabalhando contra todos nós.

Um dia nos revelarão os grandes segredos desse redomoinho insano que nos devora e apavora a todos, nos apequenando e ridicularizando, sejamos ricos ou pobres, sonhadores ou céticos, esquerda, centro ou direita, devoram-nos a todos!

Frei Beto - Uma vez afirmou em palestra não me lembro bem, ou se em postagens de amigos no face que nos ensinou o seguinte: "Nossa geração lutou tanto por liberdade, dignidade, contra uma ditadura cruel, que quando chegamos lá, em 2003, imaginamos que essas conquistas viriam dentro do nosso tempo histórico; " hoje sei que não vou fazer parte da colheita, mas não abro mão de morrer semente...".


J.Carvalho

10.2.17

Congresso Internacional do Medo




Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.

Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,

existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,

o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,

cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo

e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas

Carlos Drumond de Andrade

7.2.17

A FORÇA TRANSFORMADORA 

Houve uma reunião em uma marcenaria, onde as ferramentas se juntaram para acertar suas diferenças. O martelo estava exercendo a presidência, mas os participantes o notificaram que teria que renunciar. A causa? Fazia barulho demais e além disso passava o tempo todo golpeando.

O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso, dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir algo. Diante do ataque o parafuso concordou, mas por sua vez pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos.

A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro, que sempre media os outros segundo a sua medida, como se fosse o único perfeito. Nesse momento entrou o marceneiro, juntou todos e iniciou o seu trabalho.

Utilizou o martelo, a lixa, o metro e o parafuso. Finalmente, a rústica madeira se converteu em um fino móvel. Quando a marcenaria ficou novamente sem ninguém, a assembleia recomeçou a discussão. Foi então que o serrote tomou a palavra e disse:

- Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o marceneiro trabalha com nossas qualidades, ressaltando nossos pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos fracos e concentremo-nos em nossos pontos fortes.

Então a assembleia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limpar e afinar asperezas e o metro era preciso e exato. Então se sentiram como uma equipe capaz de produzir belos móveis da mais alta qualidade e uma grande alegria tomou conta de todos pela oportunidade de trabalhar juntos.

O mesmo ocorre com os seres humanos. Basta observar. Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a situação fica tensa e negativa. Ao contrário, quando se buscam com sinceridade os pontos fortes dos outros, florescem as melhores conquistas humanas. É fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo. Mas encontrar qualidades, isso é para os sábios!

J.Carvalho