10.2.17

Congresso Internacional do Medo




Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.

Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,

existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,

o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,

cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo

e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas

Carlos Drumond de Andrade

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