31.5.17

SANGRA



Sangra em tuas veias abertas oh!
Meu país
Sangra de humilhação
Transgressão e desprezo
Sangra de ódio, na escuridão da falta de perspectiva
Sangra de medo!
Sangra e sugam os marginais,
Toda a tua seiva
Bebem da tua fartura
Estupram tuas carnes e entranhas
Te dilaceram, desidratam e menosprezam
Te abandonam, te condenam ao fracasso

Sangra no horror do escárnio
Sangra no teu amor maculado
Sangra e te abandonam na sarjeta dos degredados
Sangra e teu sangue serve às grafias impressas
São takes nas imagens dos programas e jornais
Sangra nos descasos dos facciosos congressos
Nas manipulações judiciais
Sangra  por escassez de lideranças e triunfo das nulidades
Sangra por vias diretas e no viés das marginais
Sangra ao contemplar o êxito de tantas iniquidades.
J. Carvalho 




23.5.17

Tão Vís!

Por que
Serem tão vís
Maculados
Desonestos
Desprovidos de Caráter
Os seus
Poderes
Oh! Meu País?!

8.5.17

MÃE por CDA




Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade