3.11.09

Homenagem a Claude Lévi-Strauss - 1908 / 2009

Claude Lévi-Strauss, morto no último sábado (1º), aos 100 anos de idade, foi um dos intelectuais mais relevantes do século XX. Destacado antropólogo, ele é considerado o pai do enfoque estruturalista, que influiu de maneira decisiva na filosofia, na sociologia, na história e na teoria literária. Poucos pensadores foram tão longe quanto Lévi-Strauss na exploração dos mecanismos ocultos da cultura, segundo o obituário publicado nesta terça-feira (3) no jornal francês "Le Monde".

"Por vias diversas e convergentes, ele se esforçou para compreender a grande máquina simbólica que reúne todos os planos da vida humana, da família às crenças religiosas, das obras de arte às maneiras à mesa", diz o principal diário do país.

"Ele era o maior cientista da França" - (Jean d'Ormesson, da Academia Francesa)

Lévi-Strauss foi um dos maiores antropólogos de todos os tempos. Suas contribuições, especialmente depois que publicou 'As Formas Elementares do Parentesco', revolucionaram a antropologia contemporânea." (Presidente Nicolas Sarkozy).

Nota de Fernando Henrique Cardoso, sobre a morte de Lévi-Strauss:

"Lévi-Strauss foi um dos maiores antropólogos de todos os tempos. Suas contribuições, especialmente depois que publicou As Formas Elementares do Parentesco, revolucionaram a antropologia contemporânea. A partir de então, a corrente chamada 'estruturalista' passou a exercer enorme influência em todas as universidades.

Tendo sido professor da USP, de 1934 a 1939, utilizou sua experiência com pesquisas diretas sobre indígenas brasileiros para fundamentar suas explicações teóricas. Além disso, ao escrever seu livro mais conhecido, Os Tristes Trópicos, incorporou sua vivência do Brasil a suas memórias e análises mais gerais.

Minha mulher, Ruth Cardoso, foi sua aluna em Paris, seguindo seus seminários no Museu do Homem, em 1961, e, no Collège de France, em 1967/69. Eu o conheci em Paris quando estudei na Sorbonne, em 1961, assim como fui visitá-lo, mais de uma vez, no Collège de France na década de 1970 para render-lhe o tributo devido, a quem teve uma vida intelectual tão fecunda.

Por fim, Lévi-Strauss deixou-nos dois livros de fotografias tiradas por ele em São Paulo e em outros estados do Brasil nos anos 1930. Publicados com os títulos de Saudades de São Paulo e Saudades do Brasil, este em francês, são o testemunho das ligações afetivas do autor com nosso País, aliás, expressas nos comentários das fotos.

Morreu aos 100 anos, porém, ainda recentemente, há coisa de três ou quatro anos, ajudou a organizar e foi visitar uma exposição de cerâmica indígena brasileira exibida em Paris para comemorar o 'Ano do Brasil na França', mostrando sua vitalidade."


Citações de Lévi-Strauss:


"Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele";


"O dia em que se chegar a compreender a vida como uma função da matéria inerte será para descobrir que ela possui propriedades diferentes das que lhe atribuíam".



"O sábio não é o homem que fornece as verdadeiras respostas; é quem faz as verdadeiras perguntas.