22.1.15

Versos Íntimos



Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.


Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.


Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!




Augusto Dos Anjos


21.1.15

O Aprendiz



Já se passaram dias, anos, décadas...
Já vivenciamos paixões, cores, dores...
Já resistimos aos horrores e desavenças
Mas serenos e fortes continuemos

Já construímos castelos de areia, moinhos de ventos...
Já regamos jardins e colhemos flores
Já diversificamos e repartimos virtudes
Mas vivos e sonhadores adiante seguiremos

Já desbravamos sertões por estradas e veredas
Já alcançamos montanhas, mares e desertos
Já oramos em pomposas catedrais e badalamos os sinos nas capelas
Mas vivos e fortes pela vida caminhemos

Já não há o  sinal para estancar os sonhos
Já não há as sombras das derrotas que atormentam
Já não há a cobrança intermitente das horas
Pois  aprendemos que todos os momentos dessa vida se celebra!

J. Carvalho

O TEMPO




A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

Mário Quintana