25.8.08

O Inacabado Que Há Em Mim!

Estou sempre atento ao discurso e aos belos textos do Pe. Fábio de Melo. Na Edição do Jornal de Opinião da semana de 18 a 24/08/2008 li esse poema de grande beleza, que transcrevo e ofereço aos meus leitores:


Eu me experimento inacabado,
Da obra, o rascunho.
Do gesto, o que termina.
Sou como rio em processo de vir a ser.
A confluência de outras águas
e o encontro com filhos de outras
nascentes o tornam outro.

O Rio é a mistura de pequenos encontros.
Eu sou feito de águas, muitas águas.
Também recebo afluentes e com eles me transformo.

O que sai de mim cada vez que amo?
O que em mim acontece quando me deparo
com a dor que não é minha,
mas que pela força do olhar que me fita vem morar em mim?

Eu vivo para saber.
O que do outro recebo
leva tempo para ser decifrado.

O que sei é que a vida me afeta
com seu poder de vivência.
Empurra-me para reações inusitadas,
tão cheias de sentidos ocultos.

Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos...
... Um dia sou multidão;
noutro, sou solidão.
Não quero ser multidão todo dia.
Num dia experimento o frescor da amizade;
no outro, a febre que me faz querer ser só.
Eu sou assim. Sem culpas.

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