Num meio-dia de fim de primavera,
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra
Tornado outra vez menino.
Tinha fugido do céu.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo,
Com flores e árvores e pedras.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas.
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão,
E olha devagar para elas.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
Ao fim do dia eu conto-lhe histórias
das cousas só dos homens.
Alberto Caeiro
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