13.2.18

Soneto de Quarta-Feira de Cinzas

Por seres quem me foste, grave e pura 
Em tão doce surpresa conquistada 
Por seres uma branca criatura
De uma brancura de manhã raiada

Por seres de uma rara formosura 
Malgrado a vida dura e atormentada 
Por seres mais que a simples aventura 
E menos que a constante namorada

Porque te vi nascer de mim sozinha 
Como a noturna flor desabrochada 
A uma fala de amor, talvez perjura

Por não te possuir, tendo-te minha 
Por só quereres tudo, e eu dar-te nada 
Hei de lembrar-te sempre com ternura.

Rio, 1941
V. de Morais

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