25.5.21

PARANÓIA

 

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Os meus versos vão criando vértebras

viscos discorrem no papel

já sem espaço no coração encharcado

da poesia molhada e fria

Todos os meus dias proclamam a cria

e a antipoesia lenta e vadia

percorre meu microcosmus poético

por esse espaço anti-estético

vai-se desenhando falas, gritos, sonhos

Lamentos de um ser que se sabe vivo, pois procria

que não se sabe morto

por simplesmente não entenderem

o seu verso anti-profético

Cético no seu silêncio diabético

longe da doçura engolindo os sais

não tão minerais da vida

vai pelos rastros dessa paranoia contida.


J.Carvalho/ fev/1982

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