Os meus versos vão criando vértebras
viscos discorrem no papel
já sem espaço no coração encharcado
da poesia molhada e fria
Todos os meus dias proclamam a cria
e a antipoesia lenta e vadia
percorre meu microcosmus poético
por esse espaço anti-estético
vai-se desenhando falas, gritos, sonhos
Lamentos de um ser que se sabe vivo, pois procria
que não se sabe morto
por simplesmente não entenderem
o seu verso anti-profético
Cético no seu silêncio diabético
longe da doçura engolindo os sais
não tão minerais da vida
vai pelos rastros dessa paranoia contida.
J.Carvalho/ fev/1982
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