17.3.11

Nesta Crônica,

Lya Luft nos coloca sobre a parede e nos alerta para tomarmos atitudes corajosas, na tentativa de conter, ou de conviver com a loucura do mundo moderno, robótico e hedonista, sobretudo erótico e consumista neste início de século/milênio. Desafio de vivermos mais, com todas as quebras de paradigmas nunca imagináveis, pelos nossos pais e avós. Sobretudo, nos desafia como iremos preservar o bem maior do ser humano: as suas verdadeiras emoções.


Como seremos amanhã ?



"Estar aberto às novidades é estar vivo. Fechar-se a elas é morrer estando vivo. Um certo equilíbrio entre as duas atitudes ajuda a nem ser antiquado demais nem ser super avançadinho, correndo o perigo de confusões ou ridículo.
Sempre me fascinaram as mudanças - às vezes avanço, às vezes retorno a caverna.
Mas hoje tudo "anda" incrivelmente rápido, atingindo nossos usos e costumes.
Nossa visão do mundo se transforma!
Nos usos e costumes a coisa é séria e nos afeta a todos: crianças muito precocemente sexualizadas pela moda, pela televisão, muitas vezes por mães alienadas.
Se antes namorar era difícil, o primeiro batom rosa claro aos 15 anos, e não havia pílula anticoncepcional, hoje talvez amar ande descomplicado demais.
Casamentos estão sendo atropelados pela incapacidade de fortalecer laços, construir juntos com alguma paciência.
Talvez a gente esteja num casa-separa muito rápido, frequentemente deixando filhinhos, que nem pediram para nascer, nem certamente queriam se separar de nada nem de ninguém. São simplesmente levados de um lado para o outro.
Na educação cada dia uma nova notícia, não se reprova mais ninguém e os alunos entram na universidade sem saber escrever, coordenar pensamento, ler e entender.
Dieta, hoje se tornou obsessão.
Em breve estaremos menos doentes, a saúde acho que melhorou muito, porém, teremos de descobrir o que fazer com tanto tempo de vida...
Nada de aposentadoria precoce, chinelo e pijama. Mas, aprender sempre. Interrogar o mundo, curtir a natureza, saborear a arte.
Passear, criar, divertir-se, viajar!
Leremos unicamente livros eletrônicos.
As crianças terão outras memórias, outras brincadeiras, outras alegrias.
Os adultos, novas sensações e possibilidades.
Mas as emoções humanas, estas eu penso que vão demorar a mudar .
Todos vão continuar querendo mais ou menos o mesmo: afeto, presença, sentido para a vida, alegria.
Desta, por mais modernos, avançados , biônicos, quânticos, incríveis, não podemos esquecer...
Ou não valerá a pena nem um só ano a mais, saúde a mais, brinquedinhos a mais.
Seremos uns robôs cinzentos e sem graça !"

(De Lya Luft)




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